Título: RÚSSIA QUER SER NOVA CHINA E AMPLIAR VENDAS E INVESTIMENTOS PARA O BRASIL
Autor: Mariza Louven
Fonte: O Globo, 05/03/2006, Economia, p. 31

Depois de transformar a China em um dos seus principais parceiros comerciais, o Brasil incrementa os negócios com a Rússia, que quer deixar de ser apenas um grande importador de commodities brasileiras. Enquanto o saldo comercial brasileiro com a China cai ano a ano e até virou déficit de US$24 milhões em janeiro, as vendas para a Rússia chegaram a US$2,9 bilhões em 2005 ¿ um aumento de 76% sobre 2004, elevando o superávit com os russos para mais de US$2 bilhões, um crescimento de 145%.

Como a China, que começou comprando muito e agora aumenta suas vendas, a Rússia quer ampliar os negócios com o Brasil. Tem interesse em trazer para cá genéricos farmacêuticos, carvão, aeronaves de defesa e de carga, tecnologia naval e aeroespacial, vagões, trilhos e componentes ferroviários, informa o presidente da Câmara de Comércio Brasil-Rússia, Gilberto Ramos. Quer, ainda, participar de projetos de investimento em setores como os de gás e infra-estrutura de transporte.

¿ Há interesse em produtos e serviços de alta qualidade. Os de baixo preço a China dá conta ¿ afirma Ramos.

Para o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, os emergentes Rússia, China e Índia representam forte potencial para o Brasil, mas o país deveria ampliar as vendas de manufaturados para eles.

O professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Edson Peterli, no entanto, acha que a Rússia dificilmente será uma nova China na relação comercial com o Brasil, pois cresce menos que os chineses.

¿ O aumento das importações da China está relacionado à estratégia de reduzirem o déficit comercial e à alta competitividade dos produtos deles ¿ acrescenta a economista Fernanda de Negri, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).