Título: O nome é Alckmin
Autor: Ilimar Franco
Fonte: O Globo, 06/03/2006, O PAÍS, p. 2

Os tucanos se encaminham para a definição do candidato que enfrentará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nesta altura, a candidatura do prefeito José Serra patina enquanto o governador Geraldo Alckmin vai rompendo etapas e se viabilizando. Alckmin depende de sua determinação, enquanto Serra está à espera de um improvável apelo coletivo e unitário para que seja o candidato.

O presidente do PSDB, Tasso Jereissati, ouviu, em mais de uma oportunidade, Alckmin afirmar que não há hipótese de ele abrir mão de sua candidatura em favor de José Serra. A despeito do melhor desempenho do prefeito nas pesquisas, o governador tem mais aliados no partido. O diretório estadual de São Paulo, 22 deputados estaduais paulistas, a maioria da bancada federal, os governadores Marconi Perillo (GO), Cássio Cunha Lima (PB), Otomar Pinto (RR) e o ex-governador Almir Gabriel (PA) estão com Alckmin. A cada dia fica mais difícil para a cúpula tucana contrariar este sentimento. No PSDB sempre se disse que a candidatura de Alckmin era a natural, porque ele está encerrando seu mandato. Mas com o crescimento de Serra nas pesquisas, no final do ano passado, os tucanos se inclinaram a apostar num terceiro turno contra Lula. Com a recuperação do presidente, os aliados de Alckmin dizem que o partido comete um erro se insistir nesta estratégia. Eles alertam que o partido pode cometer o grave erro de perder a prefeitura de São Paulo, fortalecer a candidatura de Martha Suplicy ao governo do estado e ainda perder a eleição presidencial. Os partidários de Alckmin acrescentam que o governador será capaz de propor uma agenda nova para o país, enquanto a candidatura Serra ajudaria os petistas a colocar na agenda eleitoral a comparação entre as realizações dos governos Lula e Fernando Henrique Cardoso, cuja popularidade não é lá estas coisas. Sem falar que o prefeito passará uma parte da campanha explicando por que não cumpriu a promessa, feita aos eleitores de São Paulo, de não abandonar no meio seu mandato na prefeitura. Os tucanos, que apostaram todas as suas fichas no escândalo do mensalão, estão ficando apreensivos com a demora na definição do candidato do partido. O governador Geraldo Alckmin está cobrando uma decisão rápida, sob o argumento de que não é mais possível deixar o presidente Lula, sozinho e sem contestação, fazendo campanha pela reeleição.