Título: PARA EMPRESAS, IMPACTO NO BOLSO DE CLIENTES É PEQUENO
Autor: Mônica Tavares
Fonte: O Globo, 06/03/2006, ECONOMIA, p. 17

Ampla e Light querem que 100% dos investimentos nas concessões sejam considerados na revisão da Aneel

BRASÍLIA. As distribuidoras avaliam que o impacto da revisão tarifária é pequeno no bolso do consumidor porque representa cerca de 30% do valor da tarifa cobrada. O restante vem do repasse de compra de energia, encargos setoriais e impostos, que não estão relacionados com a conta de luz. Elas destacam, por exemplo, que a carga tributária de energia é de 30% a 40% do valor. Mesmo com o resultado amplamente favorável na primeira rodada, as empresas querem maior transparência no cálculo da próxima revisão tarifária. Elas alegam que seus investimentos precisam ser totalmente reconhecidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Esse deverá ser o principal tema de discussão entre as empresas e o órgão regulador. O diretor de Regulação da Ampla, José Alves, disse que os investimentos feitos pela distribuidora chegaram a R$2 bilhões, porém a Aneel reconheceu somente 72% do valor na revisão tarifária. No caso da Light, a agência considerou R$4,3 bilhões em investimentos, o que representa cerca de 60% do total. ¿ A primeira revisão tarifária pecou na parte de procedimento e na transparência ¿ disse Alves. A Ampla já entrou com dois processos na Aneel para tentar mudar essa situação. Caso ela obtenha sucesso, isto significará um aumento de 3% na revisão da empresa, que foi de 13,87%. No entanto, como ela foi aplicada há três anos, a distribuidora teria direito a 9% de diferença.

Concessionárias querem ter custos reconhecidos, diz Light

Para a diretora de Regulamentação da Light, Cristiana Reis, o reconhecimento dos investimentos foi um dos principais problemas da metodologia usada pela Aneel: ¿ As concessionárias não querem tarifas caríssimas, mas o reconhecimento dos custos. A distribuidora leva a culpa da carga tributária, que fica entre 30% e 40%. José Alves, da Ampla, destacou que é fundamental ser considerada a remuneração efetiva dos investimentos, sob pena de afetar a saúde econômica e financeira das empresas. Para ele, um possível enfraquecimento da distribuidora terá reflexos em toda a cadeia produtiva. (Mônica Tavares)