Título: Homenagem ao movimento tropicalista
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Fonte: O Globo, 09/03/2006, O País, p. 8

LONDRES. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva homenageou ontem o movimento tropicalista e um de seus principais ícones, o ministro da Cultura, Gilberto Gil, ao saudar a produção do período como uma forma de resistência à ditadura militar comparável a sua própria militância sindical. A comparação foi feita durante visita ao Festival Tropicália, que até maio promoverá eventos artísticos, incluindo shows de Caetano Veloso, do próprio Gil e a primeira reunião em 30 anos dos irmãos Arnaldo Baptista e Sérgio Dias sob o nome dos Mutantes.

¿ Muitos que hoje integram meu governo resistiam na clandestinidade, mas os tropicalistas foram uma expressão de resistência e inconformismo. Ao mesmo tempo, questionaram regras e valores artísticos ¿ disse Lula, com Gil a seu lado.

O presidente agradeceu aos britânicos por terem abrigado Caetano e Gil no exílio, apoio à cultura brasileira que ele considerou tão importante quanto a apreciação estética. Lula também lembrou o legado do tropicalismo, citando o grupo AfroReggae, que nasceu em comunidades pobres do Rio.

Gil faz show-relâmpago durante a visita

Além de visitar a exposição e assistir a um show-relâmpago de Gil (reedição de ¿Soy loco por ti América¿), Lula também se encontrou com representantes da comunidade brasileira no Reino Unido, que se mostraram muito mais preocupados em tirar fotos ao lado do presidente do que em fazer reivindicações.

Lula visitou ainda o Hub (eixo, em inglês), centro comunitário e de capacitação profissional do bairro de Newham, uma das regiões mais pobres da capital britânica, em companhia do vice-primeiro-ministro John Prescott.

Hoje, Lula tomará café da manhã com executivos de instituições financeiras britânicas e européias antes da cerimônia de despedida oficial no Palácio de Buckingham. Haverá ainda um encontro com Gordon Brown, o ministro britânico das Finanças e um admirador confesso do brasileiro. A seguir, será a vez do primeiro-ministro Tony Blair. Ainda não está confirmada a reunião com os parentes de Jean Charles de Menezes, morto pela polícia de Londres em julho do ano passado.