Título: TUCANOS RELAXAM EM FESTA COM O PRESIDENTE DO BC DO GOVERNO LULA
Autor: Adriana V., Gerson Camarotti e Adauri A. Barbosa
Fonte: O Globo, 09/03/2006, O País, p. 10

GOIÂNIA. No auge da crise do PSDB sobre a escolha do candidato do partido à Presidência, o jantar em homenagem ao governador Marconi Perillo (PSDB-GO), anteontem, foi um refresco para diminuir o clima de tensão da cúpula. Sem a presença dos pré-candidatos José Serra e Geraldo Alckmin, os tucanos caíram na descontração, capitaneados pelo presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), um dos mais animados da noite. O que mais chamou a atenção, porém, foi o entrosamento dos tucanos com o presidente do Banco Central, o ex-tucano goiano Henrique Meirelles, convidado de honra.

No início da festa, a conversa teve tom formal. O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) reconheceu avanços na estabilidade econômica, mas criticou o crescimento do PIB, de apenas 2,3%. Meirelles justificou: o fraco desempenho na agricultura e o baixo nível de investimento público colaboraram muito.

Tasso quis saber de quanto seria a redução da taxa de juros na reunião de ontem do Copom. Meirelles aproveitou para pôr a crise tucana na roda.

¿ Eu digo qual vai ser a taxa de juros. Mas quero saber antes quem será o candidato do PSDB: Serra ou Alckmin.

Meirelles pegou carona no jatinho dos tucanos

Já na mesa, o líder tucano, senador Arthur Virgílio (AM), provocou o presidente do BC.

¿ Se eu fosse você, anunciava agora que a taxa de juros vai cair 1,5%. Seria o maior sucesso.

Quando Tasso disse temer que o próximo governo tenha a pegar inflação em alta como herança, Meirelles brincou:

¿ Com o que você está me falando, vou ter que aumentar os juros na reunião de amanhã (hoje) do Copom.

O presidente do BC do governo Lula foi o centro das atenções na festa tucana. Meirelles, que se elegeu deputado federal pelo PSDB em 2002 e renunciou para assumir o cargo, sentia-se em casa. Simpático, bateu longo papo com o embaixador Sérgio Amaral, ex-porta-voz do governo Fernando Henrique.

No fim da noite, o entrosamento entre Meirelles e os tucanos era tanto que ele pegou carona no jatinho que estava à disposição do PSDB.

¿ Não tem problema eu ir com eles. Com as asas tucanas, é capaz de o avião voar mais alto ¿ provocou Meirelles.

O nome de Serra só foi lembrado pelos senadores Leonel Pavan (SC) e Flexa Ribeiro (PA), que abordaram Arthur Virgílio, de terno claro, para provocar. Disseram que Serra, se estivesse lá, reclamaria que terno claro não combina com eventos noturnos.

¿ Mas o Tasso também está ¿ respondeu Virgílio, como forma de defesa.