Título: INDECISÃO LEVA A GUERRA DE VERSÕES ENTRE ALIADOS DE SERRA E ALCKMIN
Autor: Adriana V., Gerson Camarotti e Adauri A. Barbosa
Fonte: O Globo, 09/03/2006, O País, p. 10

BRASÍLIA e SÃO PAULO. A bolsa de apostas dos tucanos oscilou ontem. No início da tarde, a candidatura do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, à Presidência da República era considerada praticamente certa nas cúpulas do PSDB e do PFL. A avaliação era de que o prefeito José Serra, preferido até então, teria demorado demais para aceitar o desafio e, assim, perdido as condições de ser o escolhido. Avisado do avanço de Alckmin, Serra entrou em campo.

Aliados do prefeito no Congresso correram para desmentir a informação de que ele teria jogado a toalha, garantindo que Serra deverá anunciar ao partido, até o dia 15, que está disposto a enfrentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Assessores de Serra informaram que o prefeito já estava preparando, inclusive, sua saída do cargo.

Em São Paulo, Alckmin voltou a cobrar pressa do comando do PSDB. Para ele, as negociações já estão maduras e por isso a decisão deve ser tomada rapidamente. O presidente do PSDB, Tasso Jereissati, informou que a cúpula partidária ¿ o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador de Minas, Aécio Neves, e o próprio Tasso ¿ vai se reunir em São Paulo amanhã para alinhavar o anúncio do candidato.

¿ Mas a resposta só deverá ser dada no fim de semana ¿ disse Tasso.

Alckmin mostrou aflição:

¿ Não sei se é domingo. Pode ser sábado, pode ser segunda, não tem assim uma data. Não vejo razão para demorar mais.

Tucanos no Congresso diziam ainda que o perdedor da disputa pela vaga de candidato teria como prêmio de consolação o poder de indicar quem deverá concorrer à sucessão de Alckmin em São Paulo. Ainda que bastante remota, uma das possibilidades seria a de Serra optar pela eleição ao governo do estado.

Uma prova do avanço de Alckmin ontem era o empenho explícito do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) de espalhar a notícia de que a candidatura do governador já tinha sido referendada pela cúpula do PSDB. Outros parlamentares do PFL também já sinalizavam a mudança, admitindo que, mesmo atrás nas pesquisas, Alckmin poderia ganhar o apoio do partido.

No PSDB, começaram a vazar conversas dos últimos dias indicando que a decisão do partido está próxima.