Título: SOLDADOS NÃO SABEM QUANDO TERÃO FOLGA
Autor: Cristiane de Cássia
Fonte: O Globo, 09/03/2006, Rio, p. 13

Os militares que participam da ocupação em favelas do Rio desde sexta-feira vivem o drama de não saber quando voltarão para casa. Um soldado de 22 anos, que preferiu não se identificar, contou ontem que tem trabalhado direto e só teve permissão para passar em casa na noite de anteontem para pegar roupas.

¿ Agora que pegamos as roupas, só devemos voltar para casa quando as armas forem encontradas. É um trabalho difícil estar numa favela tão perigosa, mas fico com mais pena é da minha família. Minha mãe está deprimida desde que estive no Haiti, emagreceu e não pára de chorar ¿ disse o soldado.

Assim como vários companheiros de tropa, o militar passou seis meses no Haiti. Ele voltou para o Brasil há três meses e agora entrou na guerra urbana do Rio.

O comandante do Exército, general Francisco Albuquerque, disse ontem, em entrevista a Rádio CBN, que é importante a participação na operação de homens do Exército que atuaram na missão da ONU no Haiti.

¿ É uma experiência válida para ações como esta que está sendo realizada no Rio de Janeiro.

O general confirmou ainda que o Exército manterá a pressão para recuperar o armamento roubado.

¿ Essas armas não podem continuar nas mãos do crime, não é bom para a sociedade. A idéia da nossa ação é a recuperação dessas armas. Vamos manter a pressão.