Título: ARMAS AINDA ESTARIAM SENDO NEGOCIADAS
Autor: Cristiane de Cássia
Fonte: O Globo, 09/03/2006, Rio, p. 13

Quase uma semana depois do roubo de dez fuzis e uma pistola de um quartel em São Cristóvão, o Comando Militar do Leste (CML) trabalha com uma outra linha de investigação: as armas ainda não teriam chegado às mãos dos traficantes do Rio. Há informações de que os assaltantes seriam ex-militares do Exército, que estariam negociando a venda das armas com traficantes de duas facções criminosas. A estratégia agora é descobrir quem recebeu a proposta dos ladrões e evitar que as armas saiam do estado, o que fez o Exército montar barreiras nas estradas.

Para chegar aos ladrões, o CML conta agora com o apoio de agentes da Coordenadoria de Inteligência do Sistema Penitenciário (Cispen), que integra a força-tarefa formada por militares das três Forças Armadas e representantes das polícias Federal, Civil e Militar. Um dos militares envolvidos contou que estão sendo usadas tecnologias e técnicas operacionais, como entrevistas informais com presos e visitantes a fim de obter dados que levem a alguma pista sobre o armamento. Segundo esta mesma fonte, os chefes das facções criminosas estão incomodados com a queda na venda de drogas provocada pela ocupação das favelas pelo Exército. Na lógica dos bandidos, é mais fácil contrabandear as armas que roubá-las de um quartel, uma vez que teriam prejuízo com as ações dos militares na busca pelas armas.