Título: PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO TERÁ UMA FORÇA-TAREFA
Autor: Jacqueline Costa e Vera Araújo
Fonte: O Globo, 09/03/2006, Rio, p. 15

Para resguardar o patrimônio cultural e histórico do Rio de Janeiro, foi formada uma força-tarefa anteontem numa reunião, em Brasília, entre representantes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), da Coordenação Geral da Polícia Criminal Internacional (Interpol) e da Polícia Federal. Segundo o presidente do Iphan, Luiz Fernando de Almeida, foi dada ênfase à busca das obras roubadas dos museus cariocas nas duas últimas semanas.

PF ajudará a planejar segurança dos museus

O Iphan fornecerá à Polícia Federal informações sobre o acervo nacional, além de capacitar policiais e auxiliá-los na identificação das peças roubadas. Em contrapartida, a polícia auxiliará no planejamento da segurança dos bens, monumentos e museus. Já as delegacias estaduais de patrimônio cultural atuarão em conjunto com as superintendências regionais do Iphan. Também será feita uma campanha publicitária esclarecendo que a venda de bens do patrimônio cultural é crime.

¿ Estamos nos empenhando para que o episódio do roubo no Museu Chácara do Céu seja resolvido e para que casos como esses se tornem cada vez menos freqüentes ¿ disse Luiz Fernando.

Na opinião da delegada da Delegacia de Meio Ambiente e Patrimônio Histórico (Delemaph) da PF, Isabelle Vasconcellos, integrante da força-tarefa, apesar de já existir uma integração entre a polícia e o Iphan, a criação do grupo agilizará as investigações:

¿ Vamos trabalhar em sintonia. A idéia é atualizar nosso banco de dados de obras desaparecidas, seja por furto ou roubo, e divulgar através da página da Interpol na Internet.

Outra medida comemorada pela delegada é a participação da Receita Federal nas ações.

Sobre as cinco obras roubadas do Museu da Chácara do Céu, em Santa Teresa, no dia 24, a delegada disse que não há dúvidas sobre a participação do motorista Paulo Gessé Ferreira:

¿ É inconcebível que alguém planeje um assalto como este sem pensar no meio de transporte. Desde o início, o motorista não nos ajudou em nada, nem na confecção dos retratos falados.

Segundo a delegada, há testemunhas que viram quatro pessoas embarcando na Kombi dele com os quadros. Na versão de Gessé, ele foi coagido e apenas três dos quatro assaltantes entraram no carro.

A Secretaria municipal das Culturas divulgou, através de seu site na internet, imagens de seis das 11 peças roubadas do Museu da Cidade, na segunda-feira. No entanto, até o fim da tarde de ontem, a Delemaph não tinha recebido as fotos. Os objetos eram do século XIX e tinham detalhes em ouro.