Título: RUMO AO BID, LEVY DEIXA TESOURO EM ABRIL
Autor: Deborah Berlinck e Fernando Duarte
Fonte: O Globo, 09/03/2006, Economia, p. 22

BRASÍLIA. O secretário do Tesouro, Joaquim Levy, deixará o cargo em abril para assumir, em Washington, a vice-presidência de Finanças do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), hoje ocupada pelo ex-ministro do Planejamento João Sayad. A indicação de Levy foi negociada em 2005, a pedido do próprio secretário, e confirmada há cerca de 20 dias durante visita do presidente do BID, Luis Alberto Moreno, ao Brasil.

Na ocasião, Moreno esteve com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e acertou os detalhes da ida de Levy. Quando Moreno perguntou se esse era mesmo o desejo do presidente, Lula respondeu que sim, tecendo elogios ao secretário do Tesouro. O presidente até brincou, perguntando se Moreno não poderia adiar para o fim do ano a troca no BID, já que Levy estava ¿marcando gols por aqui¿.

O secretário do Tesouro ganhou a confiança de Lula somente no ano passado, pelo seu trabalho na administração da dívida pública. O que mais pesou foi a forte redução da dívida externa, com mudança de perfil do endividamento, o que coloca o Brasil em uma posição muito mais confortável em relação aos credores externos. Levy está no cargo desde a posse de Lula.

O anúncio oficial da saída do Tesouro deve acontecer em um evento do BID em Belo Horizonte entre os dias 3 e 5 de abril. O nome do sucessor é mantido a sete chaves. Segundo uma fonte do Ministério da Fazenda, o novo secretário terá perfil técnico. O secretário-adjunto do Tesouro, José Antonio Gragnani, chegou a entrar nas apostas, mas, segundo a fonte, é muito ligado ao atual secretário e poderá até mesmo deixar o Tesouro com a saída do chefe.