Título: GRIPE AVIÁRIA A CAMINHO DAS AMÉRICAS
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Fonte: O Globo, 09/03/2006, O Mundo / Ciencia e Vida, p. 32

ONU alerta que vírus H5N1 pode chegar ao continente latino-americano em seis meses

NOVA YORK e SÃO PAULO. O vírus H5N1 causador da letal gripe aviária que já se espalhou por 40 países pode alcançar a América do Sul dentro de um período de seis a 12 meses, segundo o coordenador para gripe de aves e humana da Organização das Nações Unidas (ONU), David Nabarro.

Ontem, a Bélgica anunciou que um homem está internado com suspeita de ter contraído a doença. Se o caso for confirmado, será o primeiro em seres humanos na Europa.

¿ Haverá uma pandemia mundial e devemos estar prevenidos ¿ afirmou o coordenador. ¿ No momento em que ocorrer a primeira transmissão entre humanos, o tempo para nos preparar terá se esgotado.

Atualmente, a doença é transmitida entre animais e de aves doentes para humanos. Os especialistas temem, no entanto, uma mutação do vírus, que o tornaria transmissível entre pessoas, deflagrando a temível pandemia.

Para Nabarro, é praticamente certo que isso acontecerá dada a rápida propagação da gripe, que já chegou na Europa Ocidental, no Oriente Médio e na África. Segundo ele, é apenas uma questão de tempo o vírus cruzar o Atlântico e chegar às Américas.

¿ Isso pode ocorrer num prazo de seis a 12 meses ¿ afirmou Nabarro, referindo-se especificamente às Américas Central e do Sul.

Os especialistas consideram que as conseqüências da propagação do vírus H5N1 na América Latina seriam muito grandes, especialmente para o setor avícola, já que a região é grande exportadora de frangos e as aves são uma fonte fundamental de proteínas. O coordenador da ONU recomendou aos países da região que tomem todas as medidas possíveis de prevenção e deixem em alerta seus serviços veterinários.

Brasil vem testando casos suspeitos rotineiramente

O Brasil já faz isso, segundo informaram ontem especialistas que trabalham em parceria com o governo. O Ministério da Agricultura investiga todos os casos de aves doentes, além de monitorar as aves silvestres que chegam ao país.

¿ Analisamos uma média de dois a três casos suspeitos por semana em São Paulo ¿ disse Ariel Mendes, professor de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de São Paulo.

Os casos suspeitos, segundo Mendes, ocorrem normalmente em criações familiares. Até hoje, não foi identificado nenhum caso suspeito em criadouros comerciais de maior porte.

¿ São galinhas que morrem de causas não identificadas ¿ explicou. ¿ Nesses casos, as autoridades são avisadas e uma equipe vai ao local para analisar o que ocorreu. Até agora, não foi constatado nenhum caso de gripe aviária.

Além disso, os controles de importação de material genético estão mais rigorosos e a importação de aves ornamentais e de companhia está proibida. Foram intensificados os controles nos portos e aeroportos para evitar a entrada de produtos avícolas não autorizados e os dejetos de aviões e navios são incinerados.

COLABOROU Marco Rogério de Castro, do Diário de S. Paulo

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