Título: NOVAS DENÚNCIAS ATINGEM JUCÁ, QUE NEGA SAQUE
Autor: Jaílton de Carvalho
Fonte: O Globo, 07/03/2006, O País, p. 8

CPI resiste, porém, a prorrogar prazo para investigações

BRASÍLIA e SÃO PAULO. Apesar de novas denúncias envolvendo representantes da base governista e da oposição, não há consenso no Congresso sobre a proposta de prorrogação dos trabalhos da CPI dos Correios. Governistas argumentam que, se estendida, a CPI será contaminada pela campanha eleitoral. Na oposição, o PFL defende a idéia, mas o PSDB diz que o ideal seria encerrar os trabalhos. O assunto será discutido hoje pela cúpula da comissão.

Uma das novas denúncias atinge o vice-líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR), que usou ontem a tribuna para rebater informação, publicada anteontem pelo "Correio Braziliense", de que teria sido beneficiado pelo valerioduto. O senador negou que seu motorista Roberto Jefferson Camoeiras Grancindo Marques, que o atende em Boa Vista e seria conhecido pelo apelido de Xuxa, tenha sacado R$50 mil da conta que a SMP&B mantinha na agência do Banco Rural em Brasília.

Com uma cópia do depoimento que Xuxa prestou à Polícia Federal no domingo à noite, Jucá acusou Joaquim Pinto Souto Maior, secretário-adjunto da Casa Civil do governo de Roraima, de ter oferecido R$350 mil para seu motorista para que este confirmasse a denúncia.

- Não tenho dúvidas ao afirmar que há uma ação do governador de Roraima (Otomar Pinto do PSDB) para tentar me desmoralizar, já que vou disputar o governo do estado este ano - defendeu-se Jucá, anunciando que solicitou proteção policial para o motorista ao ministro da Justiça e se dispôs a depor na CPI dos Correios.

"Minha cassação foi política", reafirma Dirceu

Outro Roberto Marques, ex-assessor do ex-deputado José Dirceu, foi identificado pela diretora financeira da SMP&B, Simone Vasconcelos, como um dos autorizados a sacar um cheque de R$50 mil na agência do Banco Rural em São Paulo, em 15 de junho de 2004. Dirceu agora poderá usar esse novo fato para reforçar o mandado de segurança que pretende apresentar ao Supremo Tribunal Federal tentando retomar o mandato.

- Espero que o Ministério Público e a CPI investiguem isso, embora na época meu assessor também tenha negado que fosse ele o Roberto Marques identificado pela CPI. Tudo isso fortalece a tese de que minha cassação foi política, sem base legal.

O ex-assessor de Dirceu também se queixou:

- Expuseram meu nome, o da minha família. Mereço uma reparação por danos morais.