Título: CENÁRIO EXTERNO PESA E RISCO-BRASIL SOBE 4%
Autor: Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 08/03/2006, Economia, p. 31

Bolsas caem em vários países por preocupação com juros nos EUA e petróleo. Dólar registra alta de 1,26%

A preocupação dos investidores com a trajetória dos juros nos Estados Unidos e com as cotações do petróleo no mercado internacional levou as bolsas de todo o mundo a uma queda generalizada, num movimento que foi acompanhado pelo Brasil. O risco-país das principais economias emergentes registrou forte alta, pois juros mais elevados nos EUA, considerados de risco zero, tendem a inibir o fluxo de recursos para países em desenvolvimento. Além disso, a véspera da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre os juros básicos, a Selic, manteve o ritmo de negócios fraco.

O risco-Brasil subiu 4,05%, para 231 pontos centesimais. O risco médio das economias emergentes, calculado pelo banco americano JP Morgan, avançou 5,3% ontem, para 200 pontos centesimais. Países como Argentina e México acompanharam o movimento: nestes, o risco-país subiu 3,13% (362) e 7,76% (125) respectivamente. O Global 40, título brasileiro mais negociado no exterior, recuou 0,49%.

Preocupações com o petróleo mantiveram o cenário internacional negativo. Investidores temem que o Irã reduza a produção de petróleo em represália à ONU, que faz restrições a seu programa nuclear. As principais bolsas do mundo tiveram queda. A bolsa eletrônica Nasdaq caiu 0,77% e o índice S&P 500 recuou 0,21%. Na bolsa japonesa, o índice Nikkei caiu 1,10% e, na Rússia, a baixa foi de 5,7%. Em Hong Kong, houve queda de 1,32%. No Brasil, a Bolsa de Valores de São Paulo registrou perdas pelo segundo dia seguido: 2,43%. Em dois dias, a desvalorização acumulada é de 4,63%.

O dólar teve o segundo dia consecutivo de alta e subiu 1,26%, cotado a R$2,169, maior valor desde 9 de fevereiro (R$2,17). O volume negociado não superou US$1,5 bilhão, bem abaixo dos cerca de US$2,3 bilhões de um dia normal. Em dois dias, a moeda americana acumula valorização de 2,70%. No ano, porém, tem a maior alta, entre as principais moedas mundiais, em relação ao dólar: 7,65%, segundo cálculos de Ronaldo Guimarães, sócio da Cenário Investimentos.