Título: BRASIL QUER ATRAIR NOVAS FÁBRICAS
Autor: Luciana Rodrigues/Ronaldo D"Ercole
Fonte: O Globo, 10/03/2006, Economia, p. 23

Governo prepara corte de impostos para setor de semicondutores

BRASÍLIA. Animado com o anúncio de cerca de US$18 bilhões em investimentos do setor produtivo em 2005, o governo já se prepara para adotar novas medidas na área de política industrial, para estimular a atividade econômica, reduzir a dependência de importações e assegurar um crescimento mais sólido da economia este ano. O foco principal dos técnicos do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, agora, é a adoção de incentivos fiscais para atrair fabricantes de semicondutores ao Brasil. Uma das alternativas em estudo consiste em reduzir as alíquotas de importação de insumos usados pelo setor, atualmente acima de 14%.

Os semicondutores são fundamentais para a fabricação de componentes de alta complexidade, como microprocessadores. Antes das novas medidas, São Paulo foi escolhido para sediar a primeira fábrica estrangeira de semicondutores no país, a americana Smart Technologies, que trabalha com chips, módulos de memória, subsistemas integrados e telas de cristal líquido.

Entre os fatores que pesaram na tomada de decisão da empresa, está a redução, para 2%, do Imposto de Importação de máquinas e equipamentos não fabricados no Brasil.

- A atração de indústrias de semicondutores está no contexto da política industrial. Outro empreendimento que deverá surgir em Minas Gerais é a Companhia Brasileira de Semicondutores. A fase é de negociação com o BNDES e investidores internacionais - disse o secretário de Desenvolvimento da Produção do Ministério do Desenvolvimento, Antonio Sérgio Martins Mello.

Nos últimos meses, foram várias medidas de desoneração

Ainda na linha de atrair investimentos, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) incluiu 194 itens na lista de ex-tarifários, até então com 3.059 produtos. Por esse regime, o Imposto de Importação cai de 14% para 2%, desde que não haja produção nacional. A demanda vem, principalmente, dos setores de autopeças, siderurgia, papel e celulose, informática e telecomunicações.

- Os investimentos não acontecem apenas por causa dos ex-tarifários. Ao longo de 2005, foram anunciadas diversas medidas de desoneração para bens de capital. O BNDES reduziu o spread, os computadores ficaram 10% mais baratos e, agora em 2006, houve o pacote da construção civil - disse o secretário.

As medidas que têm sido adotadas pelo governo, no entanto, não satisfazem a todos:

- Não adiantam só incentivos em máquinas e equipamentos. Para o país crescer a taxas mais elevadas são necessários US$100 bilhões em investimentos em infra-estrutura em geral, portos, geração de energia, aeroportos e estradas - disse o presidente da Associação Brasileira de Comércio Exterior, Roberto Segatto.

Segundo o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, Alessandro Teixeira, os empresários levam em conta vários fatores na hora de investir. Entre eles, conjuntura econômica e previsibilidade. Nisso, disse, o país vai bem.