Título: VARIG FARÁ DEMISSÕES MÊS QUE VEM
Autor: Érica Ribeiro/Geralda Doca
Fonte: O Globo, 10/03/2006, Economia, p. 27

Empresa esperará resultado de plano de saída voluntária, aberto esta semana

BRASÍLIA e RIO. O presidente da Varig, Marcelo Bottini, afirmou ontem em Brasília que haverá demissões na companhia, além das medidas já em vigor, como o plano de demissão voluntária (PDV). Os cortes constam do projeto de reestruturação da empresa e deverão ocorrer no mês que vem. Segundo fontes próximas às negociações, a diretoria da Varig já decidiu que pelo menos 300 pilotos serão demitidos imediatamente.

Os desligamentos serão feitos com o aval da 8ª Vara de Falências do Tribunal de Justiça do Rio, a fim de evitar ações dos sindicatos dos trabalhadores. A Varig iniciou esta semana o PDV. Apesar de o plano ser estendido a todos os funcionários, nem todos que quiserem poderão ser demitidos. O principal parâmetro é a importância do cargo para os projetos de crescimento.

A empresa também criou um plano de incentivo à aposentadoria e estabeleceu critérios para a licença sem remuneração, usada por pilotos que pedem afastamento temporário para trabalhar em companhias aéreas fora do país. A licença só será concedida se for apresentada uma proposta firme de trabalho.

- A Varig vai passar por ajustes. Já vem fazendo ajustes e fará outros para se adequar à realidade do mercado - afirmou Bottini, acrescentando que o número de demissões dependerá do resultado do PDV, previsto para se encerrar no fim deste mês.

A Varig fará um amplo remanejamento na malha e vai se concentrar nos vôos internacionais e nos destinos domésticos que sustentam essas rotas (recebem e transportam passageiros do exterior). Na semana que vem, será escolhida a empresa responsável por colocar o plano de reestruturação na prática. A mais cotada é a consultoria Alvarez & Marsal. Também estão no páreo Galeazzi & Associados, Íntegra Associados e Strategos.

Ontem, Bottini entregou uma cópia do plano de reestruturação aprovado pelos credores à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. A proposta permite a transformação de créditos em ações, mas as estatais (Infraero, Banco do Brasil e BR Distribuidora) optarão por receber a dívida num prazo de sete anos, sendo três de carência. A Fundação Ruben Berta (FRB) será afastada da Varig, mas permanecerá com direito a veto na gestão. Também está prevista a realização de leilões pelo novo controlador, a fim de atrair novos investidores.