Título: UM CONVIDADO CERCADO DE EXPECTATIVA
Autor: Janaína Figueiredo
Fonte: O Globo, 10/03/2006, O Mundo, p. 30

Presidente da Bolívia, que encontrará Condoleezza, ameaça ofuscar posse

SANTIAGO. Hoje desembarcará em Santiago uma das grandes estrelas da cerimônia de posse da nova presidente do Chile, a socialista Michelle Bachelet. Há menos de dois meses no poder, o presidente da Bolívia, Evo Morales, promete ser uma das principais atrações do evento que reunirá mais de 30 presidentes, de todos os continentes. Hoje, o presidente boliviano será homenageado no Estádio Nacional de Santiago, um dos principais centros de tortura da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990). O ato será organizado pelos partidos Humanista e Comunista do Chile e contará com a presença de dezenas de organizações sociais e sindicatos chilenos e bolivianos.

- Esperamos que seja um ato pacífico e, principalmente, que a presença de Evo não ofusque a posse de Bachelet - disse ao GLOBO um importante colaborador da presidente eleita.

É aguardada, com grande expectativa, a reunião entre Morales e a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, confirmada pelo presidente boliviano.

Anteontem, após reunir-se com o embaixador dos Estados Unidos em La Paz, David Greenlee, Morales informou, ainda, que a agenda do encontro incluirá questões comerciais, entre elas, os problemas que atualmente enfrentam os produtores de soja bolivianos para entrarem no mercado americano.

- Será uma nova experiência para nosso governo, para mim pessoalmente. Somos defensores da cultura do diálogo - assegurou o presidente boliviano.

Segundo Morales, "muitas vezes surgem diferenças, mas eu acredito que essas diferenças irão sendo superadas. Teremos muitos entendimentos - enfatizou o presidente boliviano, que ainda enfrenta muita resistência por parte da Casa Branca, basicamente por seu forte vínculo com os produtores da folha de coca.

Desde que assumiu o poder, em 22 de janeiro passado, Morales deixou claro que seu governo defenderá a "cocaína zero", mas fará questão de preservar os interesses do poderoso movimento dos plantadores da folha de coca, ainda liderado pelo presidente boliviano. (Janaína Figueiredo)