Título: LEVY CRITICA BANCO CENTRAL
Autor: Fernando Duarte
Fonte: O Globo, 11/03/2006, Economia, p. 26

Secretário nega ida para o BID. Ministro não quer `bafejar sobre BC¿

RIO e CURITIBA. O secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, disse ontem, no Rio, que os leilões de swap cambial reverso que o Banco Central vem fazendo desde o fim de 2005 são uma decisão autônoma do BC, que tem um entendimento de que a administração da dívida pública não lhe diz respeito.

No jargão do mercado, swap significa troca de taxa: são contratos em dólar que também rendem juros. O governo paga juros ao investidor e recebe, em troca, variação cambial. O leilão de swap ajuda a reduzir a dívida pública atrelada ao dólar, mas eleva a parcela indexada à Taxa Selic.

Perguntado se o leilão não era incoerente com a estratégia do Tesouro de diminuir a dívida corrigida pela Selic, Levy respondeu:

¿ Isso é um julgamento do ministro (Henrique) Meirelles com a equipe dele. A atuação do BC mostra um entendimento, no BC, de que a administração da dívida é algo que não lhe diz respeito e as ações dele não precisam necessariamente ser chanceladas pelo Tesouro.

Em Curitiba, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou que gostaria que as taxas de juros continuassem baixando, mas sugeriu cautela por não ser interessante ¿bafejar sobre o Copom¿.

¿ Não tenho dúvida de que seria eleitoralmente muito bom, mas não dá para tomar decisão dessa só pensando nas eleições.

Levy, que deu aula magna na FGV, negou ter sido indicado pelo governo para vice-presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Disse que seu futuro pertence ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci.

¿Não há manifestação formal do BID. Ele (Palocci) me nomeou. Ele que me desnomeie. (Patricia Eloy e Ana Paula de Carvalho)