Título: JUÍZA: PETISTAS TENTARAM PROTEGER INVASORES
Autor: Chico Oliveira
Fonte: O Globo, 14/03/2006, O País, p. 10

Magistrada diz ter sofrido pressão para defender militantes da Via Campesina em ataque a empresa em 2005

PORTO ALEGRE. A juíza Uiara Castilho dos Reis, de Esteio, na Grande Porto Alegre, denunciou ontem ter enfrentado ¿tentativas de pressão¿ por deputados do PT após o ataque feito pela Via Campesina, em outubro do ano passado, quando mais de mil sem-terra e desempregados invadiram e destruíram a Standard Logística, distribuidora de alimentos para redes de supermercados e mercearias do sul do país.

Ela denunciou o então presidente da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, deputado Ronaldo Zülke, do PT, e o deputado federal Adão Pretto, também do PT:

¿ Eles me pediram para não identificar os invasores e para deixá-los sair numa boa.

Na ocasião, foram saqueadas cerca de 30 toneladas de alimentos. Pelo menos um deputado do PT e o assessor de outro foram vistos consumindo sorvetes retirados do local pelos invasores. A juíza disse que denunciou o comando da Brigada Militar gaúcha por descumprimento de suas ordens:

¿ Por ordem do subcomandante da Brigada Militar, coronel Ilson Pinto de Oliveira, houve atraso na retirada dos invasores, resultando em maiores danos para a empresa, e não foi cumprida a ordem judicial que determinava a identificação de todos os invasores.

Segundo ela, o subcomandante proibiu que o comandante do policiamento da Região Metropolitana, coronel Paulo Roberto Mendes, cumprisse a ordem judicial:

¿ Demoraria para identificar e ouvir os invasores, mas a longo prazo o dano teria sido menor. Agora temos que comparar os nomes dos passageiros dos ônibus com a filmagem de 1.107 invasores.

O coronel Oliveira pode ser responsabilizado por crime de prevaricação e por dar prioridade a interesses políticos em detrimento da decisão judicial.

MST invade empresa de irrigação em Juazeiro

A Polícia Civil informou que a investigação sobre os ataques da semana passada à Aracruz Celulose será sigilosa até a conclusão do inquérito, em 30 dias. O governador em exercício, Antonio Hohlfeldt, pode anunciar hoje os primeiros pedidos de prisão contra as mulheres que comandaram a depredação.

Na Bahia, cerca de 700 militantes do MST invadiram ontem a estação de bombeamento da Companhia de Desenvolvimento dos Vale do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) em Juazeiro. Esta é a segunda vez que o MST invade o local, de onde sai o canal de irrigação do Projeto Salitre dos governos federal e estadual, que prevê a irrigação de trinta mil hectares e está parado por falta de recursos.

A primeira ocupação ocorreu há um ano quando o movimento reivindicou o assentamento no projeto de 800 famílias, que vivem em acampamentos em municípios do norte baiano há pelo menos cinco anos. A retomada da estação ocorreu porque, segundo Marcio Matos, do diretório nacional do MST, desde março de 2005 não houve qualquer avanço nas negociações com a Codevasf, que não cumpriu o que ficara acordado.

O superintendente regional da Codevasf, Alcides Modesto, disse que o Ministério da Ação Social ainda não decidiu como será a seleção das pessoas que serão assentadas no projeto nem o modelo de gestão a ser adotado.

COLABOROU: Heliana Frazão, de Salvador