Título: NO EMBALO DO PETRÓLEO, PIB DO RIO AVANÇOU 5%
Autor: Luciana Rodrigues
Fonte: O Globo, 14/03/2006, Economia, p. 25

Taxa em 2005 foi mais que o dobro da expansão nacional. Renda `per capita¿ ficou em R$18.557, com alta de 3,71%

Puxada pela indústria de petróleo e gás, a economia fluminense cresceu 5,06% no ano passado, mais do que o dobro da expansão brasileira, que foi de 2,3% em 2005. A Fundação Centro de Informações e Dados do Estado do Rio de Janeiro (Fundação Cide, ligada ao governo estadual) informou ontem que o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de todas as riquezas produzidas ao longo de um ano) fluminense foi de R$284,94 bilhões em 2005. O PIB per capita do estado foi de R$18.557,88 e teve alta de 3,71% em 2005.

Pelos cálculos da Fundação Cide, só o setor de petróleo, com peso de 18% no PIB, teve expansão de 15%. Mas outros segmentos também tiveram bom desempenho. Foi o caso da indústria automobilística (15%), de alimentos (10,4%) e têxtil (15,93%). De qualquer maneira, se não fosse o segmento de petróleo e gás, a economia do estado teria crescido bem menos, só 2,36%.

Graças ao turismo, transporte aéreo cresceu 12,42%

O secretário estadual de Planejamento e Coordenação Institucional, Tito Ryff, destacou que o Estado do Rio está aproveitando bem os recursos naturais do petróleo para incrementar sua indústria. Ryff lembrou que, em 2004, houve queda de 3,6% no setor de petróleo e gás e, ainda assim, o PIB fluminense cresceu 4,3%.

¿ Não é adequado considerar a economia fluminense excluindo o petróleo. Se fosse assim, teríamos que excluir a energia do Paraná, por causa de Itaipu, o minério de Minas Gerais e por aí vai. Seria ruim se o Estado do Rio não aproveitasse essa dádiva. Mas criamos o Pólo Gás-Químico e queremos atrair a nova refinaria da Petrobras ¿ afirmou Ryff.

Recuperação de renda ajuda indústria têxtil e de alimentos

Rodrigo Serra, professor do mestrado em Planejamento Regional e Gestão de Cidades da Candido Mendes (Ucam/Cidades), lembra que o petróleo tem peso não só para o Rio como para todo o Brasil:

¿ É um setor com forte encadeamento na economia, cujo crescimento extrapola para outras atividades, como a indústria naval e a siderúrgica, que fornecem insumos para a extração de petróleo.

Segundo cálculos da Fundação Cide, sem o petróleo do Rio, a economia brasileira teria crescido 0,2 ponto percentual a menos em 2005, registrando expansão de 2,1%. Serra lembra que além do aumento da produção nacional, houve forte elevação nos preços mundiais do petróleo em 2005.

O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Maurício Chacur, afirmou que, em 2006, o Estado do Rio deverá superar o desempenho dos últimos dois anos, quando o crescimento médio foi de 4,5% anuais. O presidente da Fundação Cide, Ranulfo Vidigal, destacou que os números do primeiro trimestre, principalmente do setor de turismo, já confirmam essa tendência. Em 2005, graças ao turismo, o transporte aéreo teve expansão de 12,42% no PIB fluminense.

Para Cristiano Prado, economista da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), a recuperação da renda dos trabalhadores deve ajudar a economia fluminense este ano. Ele lembra que a indústria do Rio é fortemente voltada para o mercado doméstico. O aumento nos ganhos dos trabalhadores, diz Prado, explica a expansão dos setores têxtil e de alimentos registrada nos números da Fundação Cide.

Já a indústria automobilística, outro setor de destaque no desempenho do PIB, foi beneficiada pelo aumento das exportações, afirma Prado.