Título: AMPLA REAJUSTARÁ TARIFAS RESIDENCIAIS EM 0,5%
Autor: Monica Tavares
Fonte: O Globo, 14/03/2006, Economia, p. 27

Aumento médio solicitado à Aneel foi de 10%, mas ganhos de produtividade da empresa reduziram percentual

BRASÍLIA. Os ganhos de produtividade da Ampla, distribuidora de energia do Estado do Rio, fizeram com que o reajuste autorizado para a conta de luz dos consumidores residenciais da região seja de apenas 0,5% em 2006. É uma das menores taxas dos últimos anos e o percentual será aplicado a partir da próxima quarta-feira, dia 15. Em dezembro de 2004, o aumento foi de 12,70%. A Ampla atende 2.104.740 consumidores de 66 municípios fluminenses.

Na verdade, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) apurou que, dado o ganho de eficiência da distribuidora entre dezembro de 2004 e fevereiro deste ano, deveria haver uma redução dos preços de 4,05%. No entanto, este percentual é líquido de impostos. O peso de PIS e Cofins é de 4,5%, o que acabou provocando o aumento de 0,5%.

No geral, incluídas as outras categorias de clientes, a Ampla pediu reajuste médio de 10% e conseguiu apenas 2,9%. Os reajustes das tarifas para os consumidores de alta tensão (industriais) serão de 10,6%, 11,22%, 5,48% e 5,87%, sem considerar PIS/Cofins. Em média, o aumento da tarifa para as indústrias será de 6,23%.

A Aneel calculou que, só de produtividade, no caso das residências deveria haver um abatimento da conta de luz de 1,78%. Outra decisão que pesou contra a distribuidora foi o volume de recursos recolhidos por causa da RGR (um encargo que serve para custear a universalização da eletricidade): em vez dos R$37 milhões apresentados pela Ampla, a Aneel apurou R$34 milhões.

A Conta de Consumo de Combustível (CCC) teve um peso grande no aumento das tarifas da empresa ¿ 1,17%. A CCC é uma conta paga por todos os consumidores de energia para custear o combustível usado pelas usinas termelétricas, principalmente no Norte do país. A CCC paga pela Ampla aumentou 34,27% entre dezembro de 2004 e fevereiro deste ano.

O diretor-geral da Aneel, Jerson Kelman, disse que a agência estuda a possibilidade de entrar com uma ação no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) devido ao que considerou um aumento abusivo do preço do óleo combustível, que é utilizado para a produção de energia elétrica.

A data contratual de reajuste e revisão da Ampla era 31 de dezembro do ano passado. Porém, a pedido da empresa, o aumento foi adiado para 15 de março deste ano. A partir de agora, o reajuste anual acontecerá sempre nesta data. O consumo de energia da Ampla chega a 7 milhões de MWh (megawatts/hora) e representa um faturamento anual para a distribuidora de R$2 bilhões.

Mercado eleva projeção para o IPCA de março

À espera da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que será divulgada quinta-feira, o mercado elevou a projeção para o IPCA de março, de 0,32% para 0,34%, mas, para a média dos cem especialistas ouvidos, o índice deverá fechar o ano em 4,55%, segundo a pesquisa semanal Focus, do Banco Central (BC). A previsão está bem próxima do centro da meta do governo para 2006: 4,5%. O Focus mostrou ainda que o mercado, pelo menos por enquanto, manteve a estimativa de que a taxa básica de juros encerrará o ano a 14,50% anuais.