Título: ANALISTAS TEMEM PELAS METAS DE AUSTERIDADE
Autor:
Fonte: O Globo, 12/03/2006, O País, p. 4

BRASÍLIA. A preocupação de que o aumento dos gastos no primeiro semestre deste ano passe aos mercados um sinal de que a meta de superávit primário está ameaçada, elevando o risco-Brasil, foi manifestada em boletim de análise econômica do banco Credit Suisse. Mas este não é um temor generalizado no mercado financeiro.

¿ A minha visão da política fiscal é positiva. Não sou um cético. O nosso cenário para 2006 é de superávit primário de 4,35% do PIB, um pouco acima da meta de 4,25%. Os gastos vão reduzir a folga registrada no ano passado, mas não vejo risco de não cumprimento da meta ¿ afirma Octávio de Barros, diretor de Pesquisa e Estudos Econômicos do Bradesco.

Quem se diz preocupado é Gustavo Loyola, ex-diretor do Banco Central e atual sócio da consultoria Tendências:

¿ O crescimento dos gastos com investimentos é sempre positivo, mas a pressa no ano eleitoral pode comprometer a qualidade do gasto. Com a operação tapa-buracos, o governo joga dinheiro fora. É um gasto eleitoreiro ¿ afirma Loyola.

Na opinião dele, o aumento dos gastos nos primeiros meses do ano é preocupante porque as despesas de custeio (reajuste do salário-mínimo e dos servidores, por exemplo) também serão bem maiores este ano em relação a 2005.

¿ A tendência é preocupante, embora não seja possível ainda afirmar que a meta de superávit (4,25%) não será cumprida ¿ observa Loyola.