Título: PMDB PODE ADIAR ESTA SEMANA AS PRÉVIAS DO DIA 19
Autor: Ilimar Franco
Fonte: O Globo, 12/03/2006, O País, p. 14

Garotinho e Rigotto são pré-candidatos mas podem ser descartados por alas que não querem candidatura própria

BRASÍLIA. A uma semana das prévias para a escolha de seu candidato à Presidência da República, o PMDB mergulha em mais uma crise interna. Uma ala do partido, desta vez formada por governistas e oposicionistas, vai tentar na quarta-feira reunir a executiva nacional para cancelar as prévias do dia 19. Este é apenas o primeiro tempo de uma batalha que se estenderá, no mínimo, até a convenção do partido em junho, que oficializa ou não a candidatura. A disputa continuará na campanha eleitoral, caso o partido consiga lançar candidato próprio.

O PMDB tem dificuldade para atuar como um partido nacional, preferindo agir a partir dos interesses eleitorais de cada um de seus diretórios regionais. E partem justamente das candidaturas do partido aos governos estaduais as mais fortes pressões para que o PMDB não tenha candidato a presidente nem apóie alguém para o Planalto.

Temer: indecisão só na cúpula e não na base

O presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), ainda aposta nas prévias, que serão disputadas pelo governador Germano Rigotto (RS) e pelo ex-governador Anthony Garotinho (RJ), e no lançamento de uma candidatura própria.

¿ Essa confusão retratada pela mídia é só na cúpula do partido. Na base estão todos entusiasmados com a candidatura própria ¿ diz Temer.

Com a manutenção da verticalização, vários diretórios defendem a não-candidatura para que possam se unir ora ao PT, ora ao PSDB e ora ao PFL. Mesmo assim, muitas posições mudam em decorrência das políticas regionais.

O ex-governador Orestes Quércia, sem possibilidade de aliança com o PSDB e o PT, quer um candidato a presidente para ajudar sua candidatura ao governo de São Paulo. O governador catarinense Luiz Henrique (PMDB), com a decisão do senador Leonel Pavan (PSDB) de concorrer ao governo, também virou um entusiasta da candidatura própria. Mas em outros estados a realidade é diferente.

¿ Como o Sarney vai fazer no Maranhão se sua filha, a senadora Roseana Sarney, é candidata a governadora pelo PFL? ¿ pergunta o líder do PMDB no Senado, Ney Suassuna (PB).

O presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), que pode ser candidato ao governo estadual, quer o partido sem candidato a presidente. Sua candidatura teria o apoio do senador Teotônio Vilela (PSDB) e do governador Ronaldo Lessa (PSB), que concorreria ao Senado.

Em Goiás, o senador Maguito Vilela (PMDB-GO) está sendo cortejado pelos adversários da candidatura própria porque sabem de sua negociação para formar uma aliança com o PT. O líder do PMDB, deputado Wilson Santiago (PB), também está sendo tentado a detonar as prévias por causa da aliança entre o PT e o candidato do PMDB a governador, o senador José Maranhão.

¿ A candidatura própria aprisiona o partido nos estados, por causa da diversidade regional ¿ afirma Renan.