Título: PFL SOUBE NA VÉSPERA QUE ALCKMIN ERA FAVORITO
Autor: Gerson Camarotti e Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 15/03/2006, O País, p. 9
Partido vai esperar decisão do STF sobre verticalização para negociar composição da chapa
BRASÍLIA. A decisão do PSDB de lançar Geraldo Alckmin para a sucessão presidencial divide o PFL mas não surpreendeu os pefelistas. A despeito de uma ala do partido ter apostado na candidatura de José Serra, a cúpula pefelista já havia sido informada desde terça-feira da semana passada sobre o favoritismo de Alckmin. Antes de tomar qualquer decisão, inclusive a de negociar com os tucanos a composição da chapa, o PFL quer conhecer o resultado do julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), na próxima semana, sobre a verticalização, regra pela qual as alianças nacionais devem ser respeitadas pelos partidos nos estados.
¿ Não vamos iniciar negociação antes de sabermos se a verticalização será ou não mantida. Com a verticalização, a eleição presidencial pode ser decidida no primeiro turno ¿ observou o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), evitando emitir qualquer opinião sobre a escolha dos tucanos.
Para Bornhausen, a decisão do PSDB não deve ter sido fácil, à medida que o partido tinha dois candidatos qualificados para a disputa. Mas para garantir a unidade do PFL em favor de sua candidatura, Alckmin terá de iniciar um delicado trabalho de articulação política, já que os pefelistas pretendem lançar candidatos a governador em nove estados e deverá cobrar uma contrapartida dos tucanos.
A maior dificuldade do governador de São Paulo será no Nordeste, onde seu desempenho ainda é considerado inexpressivo, o que poderia levar os pefelistas da região a relegarem a disputa presidencial para um segundo plano. O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), porém, está convencido de que seu partido marchará unido com o PSDB em outubro. Na sua opinião, mesmo aqueles que preferiam a candidatura de Serra deverão se render à campanha de Alckmin para derrotar um inimigo comum: o PT.
O senador baiano não hesitou em adiantar, entretanto, que espera que um nordestino componha a chapa do governador de São Paulo.
¿ Nós do PFL aceitaríamos de bom grado qualquer candidato. Como nordestino, espero que o Nordeste seja contemplado na composição da chapa de Alckmin ¿ adiantou Antonio Carlos.
Apesar do desgaste imposto pela disputa interna entre Alckmin e Serra, o líder do PFL no Senado, Agripino Maia (RN), cujo nome tem sido cotado para compor a chapa dos tucanos, aposta na unidade tanto dos tucanos quanto dos pefelistas em torno da candidatura do governador de São Paulo.
¿ O desfecho foi movido pelo diálogo. Suponho que, se existirem, as seqüelas serão de pequena monta ¿ previu Agripino, acrescentando que Alckmin destruiu a imagem do ¿picolé de chuchu¿ com sua obstinação. ¿ Acredito que ele usará essa obstinação para chegar à vitória.