Título: PLANALTO APOSTA NA DIVISÃO ENTRE OS TUCANOS
Autor: Gerson Camarotti e Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 15/03/2006, O País, p. 9
Petistas próximos a Lula comemoram discretamente escolha de Alckmin e crêem que ele deve demorar a subir nas pesquisas
BRASÍLIA. O Palácio do Planalto e o PT apostam, nos bastidores, nas seqüelas da disputa tucana para reforçar o favoritismo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mais do que a escolha do do governador Geraldo Alckmin, o governo acredita que a manutenção de um clima de divisão possa contribuir para a reeleição. Petistas mais próximos de Lula chegaram a manifestar uma discreta comemoração.
Internamente, a cúpula do governo reconhece que Alckmin pode, de fato, ser uma surpresa. Mas a constatação é de que mesmo que o governador tenha um alto potencial de crescimento nas pesquisas vai demorar até chegar ao patamar do prefeito José Serra. Publicamente, a ordem é para manter a cautela.
¿ Adversário não se escolhe ¿ disse o ministro das relações Institucionais, Jaques Wagner.
O presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini, disse estar despreocupado com a escolha.
¿ O presidente Lula disse que tanto faz, Serra ou Alckmin. Eles se equivalem do ponto de vista eleitoral. A diferença entre eles é mais de estilo. No PT, não vamos mudar nada no nosso planejamento de campanha por causa do Alckmin ¿ avisou Berzoini.
¿ Alckmin é um adversário respeitável. Mas deve perder. Até porque Lula tem popularidade nacional, o que o governador não tem. Ele é mais paulista ¿ observou o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP).
PT analisa dados da gestão tucana
Parlamentares do PT no Congresso também já estão preparando um conjunto de dados sobre a administração de Alckmin em São Paulo, inclusive gráficos dos últimos seis anos do comando tucano no Palácio dos Bandeirantes. As tabelas mostram projetos que estão paralisados e a deficiência do sistema educacional entre outros dados.
¿ O PSDB fez uma opção conservadora para disputar os votos de centro. Isso pode nos beneficiar ¿ apostava o deputado Paulo Delgado (PT-MG).
O presidente Lula e ministros diziam ontem que é preciso ainda avaliar ¿o efeito Alckmin¿. O Planalto sempre esteve dividido sobre qual candidato do PSDB seria mais fácil para Lula enfrentar. Ontem, a ordem permanecia evitar salto alto na campanha. Segundo um ministro, o problema é que Alckmin é considerado ¿um livro em branco¿, ao passo que Serra já tinha seu comportamento conhecido. O vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, estava feliz:
¿ O presidente Lula é absolutamente imbatível. Agora, não temos nada a ver com o que aconteceu com eles (dentro do PSDB): eles são maiores e vacinados. Espero que eles tenham sido felizes na escolha, porque precisamos de partidos fortes.
COLABOROU Adriana Vasconcelos