Título: NO DIA SEGUINTE, CASEIRO FICA CALADO E SOME
Autor: Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 15/03/2006, O País, p. 11

Advogado que é dono da casa diz acreditar em seu empregado

BRASÍLIA. Um dia depois de conceder a entrevista ao jornal ¿O Estado de S.Paulo¿ que pode complicar ainda mais a situação do ministro Antônio Palocci, o caseiro Francenildo Santos Costa, o Nildo, se trancou na mansão que era freqüentada pela República de Ribeirão Preto. Pessoas próximas a Nildo disseram que ele já havia comentando com colegas sobre o dinheiro que viu na casa.

¿ Mas ele contou tudo? ¿ perguntou, espantando, um conhecido de Nildo ao ser informado da entrevista.

Nildo, que foi caseiro dos amigos de Palocci durante oito meses, disse à reportagem que o ministro esteve na casa ¿umas dez ou 20 vezes¿ e que pedia para não acender a luz do jardim, ¿porque queria a casa escura do lado de fora¿.

Entrada sempre pelos fundos

O caseiro afirmou ainda que era o próprio ministro quem dirigia um Peugeot de cor prata, quando ia à casa. Ele assegura que viu distribuição de dinheiro na casa e que o pagamento era sempre feito em espécie. Palocci, que, segundo o caseiro, era tratado por ¿chefe¿, sempre chegava na mansão por uma entrada nos fundos. A casa é toda vigiada por câmeras.

De manhã, Nildo cortou a grama da casa, mas logo se recolheu e não foi visto durante o dia inteiro. O assédio dos jornalistas foi intenso. Uma mulher, que se identificou como a responsável por mostrar a casa a interessados em alugar o imóvel, era quem atendia o interfone, onde há uma câmera.

O proprietário da casa, o advogado Luis Antônio Guerra, disse que Nildo é seu funcionário há anos e que continuará sendo. Ele disse não ter razões para demiti-lo e que acredita no conteúdo das declarações dadas por Nildo.

¿ Ele contou o que vivenciou. É um rapaz íntegro, correto e honesto. Não vejo razão para não acreditar no que ele disse ¿ disse Guerra.

O advogado disse que não tinha conhecimento do que ocorria na casa até ler a entrevista de Nildo na manhã de ontem.