Título: Relatório de CPI incluirá negócio de filho de Lula
Autor: Bernardo de La Pena e Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 15/03/2006, O País, p. 14

Documento vai pedir que caso seja investigado pelo Ministério Público, já que Telemar tem fundos como sócios

BRASÍLIA. O relatório final da CPI dos Correios vai reabrir a polêmica em torno do negócio do filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, com a Telemar. Em janeiro de 2005, a companhia fez um aporte de R$5 milhões para a Gamecorp, empresa que produz conteúdo para jogos eletrônicos da qual o filho do presidente é sócio. O texto entregue ontem pelo sub-relator responsável pela investigação nos fundos de pensão, Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), ao relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), pede que o assunto seja investigado pelo Ministério Público Federal porque um grupo de fundos de pensão é sócio da Telemar.

O assunto é tratado no trecho do relatório referente aos negócios feitos pela Petros, fundo de pensão da Petrobras. Em depoimento na subcomissão da CPI, o diretor da Petros Ricardo Malavazi, que tem assento no conselho de administração da Telemar, explicou que a direção da Petros pediu informações à companhia sobre o negócio com o filho do presidente. Entretanto, a resposta da empresa se limitou a informar que a negociação ocorreu dentro dos padrões de mercado.

A Telemar comprou R$2,5 milhões em debêntures da Gamecorp e investiu outros R$2,5 milhões na compra de conteúdo exclusivo produzido para internet. Além da Petros, a Previ (Banco do Brasil) e a Funcef (Caixa Econômica) também têm ações da Telemar.

As investigações da subcomissão de fundos de pensão também devem aumentar a lista de deputados que passam por processo de cassação no Conselho de Ética da Câmara. Serraglio informou ontem que o caso do deputado Nilton Baiano (PP-ES) deve constar do relatório final da CPI.

Renato Paolielo, assessor de Baiano, recebeu, em 2004, R$100 mil de uma das corretoras investigadas pela CPI por causa de seus negócios com fundos de pensão. O assessor nega irregularidade e afirma ter prestado um serviço para a corretora. Segundo Serraglio, o processo de Baiano seguirá para o Conselho de Ética da Câmara.