Título: Alckmin larga com metade dos votos que Lula teria hoje, segundo o Ibope
Autor: Luiza Damé
Fonte: O Globo, 16/03/2006, O País, p. 4

Serra, que agora está fora do páreo, era o nome mais forte da oposição

BRASÍLIA. O prefeito de São Paulo, José Serra, era o candidato da oposição mais competitivo para a disputa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo pesquisa Ibope divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A consulta foi feita antes da escolha do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, pelo PSDB. Se as eleições fossem hoje, Lula estaria na frente em todos os cenários e poderia ganhar de Alckmin já no primeiro turno. No entanto, quando Serra aparece como candidato tucano, haveria segundo turno, com empate técnico entre ele e Lula, mas com vantagem para o petista.

Sete meses antes das eleições, o levantamento mostra uma recuperação de Lula em todas as frentes, com crescimento das intenções de voto nele e recuperação de popularidade pessoal e do governo. Num eventual segundo turno com Serra, Lula teria 44% dos votos e o tucano, 40%. No primeiro turno, o resultado seria de 40% para Lula e 31% para Serra. Em dezembro, na mesma pesquisa, Serra tinha 48% e Lula, 35%.

A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa, a 13ª da série Ibope/CNI, foi realizada entre 8 e 11 de março e ouviu 2.002 eleitores em 143 municípios.

Alckmin aparece na pesquisa numa faixa de 19% a 22% de intenção de votos, dependendo do candidato do PMDB, nas simulações de primeiro turno. No primeiro turno, ele ficaria com 19%, contra 43% de Lula, se o candidato do PMDB for Anthony Garotinho: isso abriria a possibilidade de a disputa ser encerrada em um só turno, se fosse hoje. Num hipotético segundo turno com Lula, o governador seria derrotado por diferença de 18 pontos percentuais: teria 31% dos votos e Lula, 49%.

O resultado mostra uma queda do governador em relação à pesquisa de dezembro, quando aparecia tecnicamente empatado com o petista num eventual segundo turno: ele tinha 37%, contra 41% de Lula.

O governador minimizou a importância do resultado:

- A eleição começa com o horário eleitoral no rádio e na TV. Começar com 20% é ótimo e eu acredito na mudança.

Garotinho mais forte que Rigotto

A pesquisa incluiu como adversários de Lula, além dos tucanos Alckmin e Serra, Germano Rigotto e Anthony Garotinho, do PMDB, e a senadora Heloísa Helena (PSOL). No PMDB, Anthony Garotinho continua sendo o candidato mais competitivo, segundo a pesquisa, embora seu desempenho no segundo turno tenha caído em comparação à pesquisa passada.

No primeiro turno, Garotinho teria entre 8% e 14% dos votos dependendo do candidato tucano, com melhor desempenho contra Alckmin. O peemedebista perderia para Lula num eventual segundo turno: Garotinho teria 24% dos votos (9 pontos percentuais a menos que a pesquisa anterior). Lula ficaria com 53%. Rigotto, em qualquer cenário, teria entre 2% e 3% no primeiro turno. E perderia para Lula com a maior margem num hipotético segundo turno: o petista teria 58% e Rigotto, 15%.

As intenções de voto para Heloísa Helena variam de 4% a 8%. Num eventual segundo turno, Lula teria 55%, contra 21% da senadora. Em dezembro, Heloísa Helena (assim como Rigotto) não foi incluída.

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Aprovação sobe em todas as classes

Lula recupera popularidade, mas maioria quer mudança na política econômica

BRASÍLIA. A pesquisa Ibope/CNI confirma a recuperação da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da avaliação de seu governo, registrada por outras sondagens realizadas desde dezembro do ano passado. A aprovação do governo Lula passou de 42% em dezembro para 55% neste mês, na série Ibope/CNI. Embora em todos os setores e segmentos socioeconômicos tenha havido uma variação positiva da avaliação do governo Lula, a população, principalmente o eleitor petista, quer mudanças profundas na economia e desaprova as ações do governo nesta área.

Segundo a pesquisa, 54% dos entrevistados querem que o próximo presidente mude os rumos da economia; 24% esperam que as linhas gerais sejam mantidas, mas com alguns ajustes, e somente 16% querem a continuidade da política econômica em vigor. Mesmo entre os eleitores de Lula, a maioria defende mudança na política econômica: 39% dos que se declaram eleitores do presidente pediram "mudanças profundas" e 29%, "alguns ajustes". Somente 28% do eleitorado de Lula quer a continuidade da atual política econômica.

Aprovação pessoal subiu 26 pontos em três meses

A aprovação pessoal do presidente vem crescendo desde a última pesquisa Ibope/CNI. Nesse aspecto, entre dezembro e março, o saldo passou de 10 pontos negativos para 16 pontos positivos, o que representa uma variação de 26 pontos percentuais. Segundo a pesquisa, 55% dos entrevistados aprovam o modo como Lula governa o país, contra 39% que o desaprovam. Outros 6% não sabem ou não opinaram. Em dezembro, o nível de desaprovação chegava a 52%. A aprovação era de 42%.

No quesito aprovação, o governo Lula permanece com resultado negativo em três segmentos: no grupo com escolaridade superior, na faixa de renda entre cinco e dez salários-mínimos e entre moradores da região Sul. Mesmo nesses setores, a variação da aprovação foi positiva de dezembro para março.

Na pesquisa, 53% dos entrevistados disseram confiar no presidente e 43% afirmaram não confiar. Há três meses, o resultado foi exatamente o inverso. Entre dezembro de 2005 e março deste ano, a curva de avaliação do governo Lula se inverteu. Segundo a pesquisa, o resultado "ótimo/bom" passou de 29% em dezembro para 38% em março, enquanto "ruim/péssimo" caiu de 32% para 22%. A diferença entre "ótimo/bom" e "ruim/péssimo" variou positivamente 16 pontos percentuais. Em dezembro o saldo era de três pontos negativos.

Nesta rodada, nos itens referentes à economia, o governo Lula foi desaprovado pela maioria dos entrevistados, especialmente em relação à taxa de juros, aos impostos, ao combate ao desemprego e ao controle da inflação. O governo se recupera quando o assunto é combate à fome e à pobreza ou ações nas áreas de educação e saúde, mas novamente é reprovado quando se trata de segurança pública.