Título: Virgílio: `Ministro que precisa calar um caseiro não pode ser ministro¿
Autor: Alan Gripp e Evandro Éboli
Fonte: O Globo, 17/03/2006, O País, p. 4

Pedro Simon compara depoimento ao do motorista Eriberto, do caso PC

BRASÍLIA. A CPI dos Bingos deixou ontem de lado o cuidado adotado até aqui com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e passou a atacá-lo duramente. Os senadores Pedro Simon (PMDB-RS) e Arthur Virgílio (PSDB-AM) foram além: exigiram o afastamento de Palocci. Virgílio disse que falava em nome de todo o partido.

¿ Um ministro que precisa calar um caseiro de 24 anos não pode ser ministro ¿ afirmou ele. ¿ O PSDB cobra e exige a demissão de Antonio Palocci. A economia está madura o suficiente para suportar que ele seja defenestrado.

O líder do PSDB negou que tenha subido o tom dos ataques ao ministro e ao governo devido ao crescimento de Lula nas pesquisas eleitorais:

¿ Peço a cabeça do ministro porque ele não pode ser mais ministro. Não estou falando de eleição, estou falando de roubalheira.

Simon: um dia para ficar marcado na história do PT

Pedro Simon, que defendeu o afastamento de Palocci por 30 dias, chegou a comparar o caseiro Francenildo Santos Costa ao motorista Eriberto França, que denunciou as contas fantasmas que ligaram o presidente Fernando Collor de Melo a Paulo Cesar Farias, o que ajudou a derrubar o presidente em 1992.

¿ Hoje é um dia para ficar marcado na história do PT, quando um rapaz simples e singelo fez denúncias graves contra o ministro. Ele nos lembra aquele motorista que o Eduardo Suplicy mostrou na época da CPI do PC ¿ disse Simon.

Os ministros Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) e Luiz Marinho (Trabalho) saíram ontem em defesa de Palocci. Furlan disse que o colega tem credibilidade.

¿ Palocci é um dos esteios do governo, uma pessoa serena e que demonstrou ao longo de sua trajetória muita credibilidade pelo que fez ¿ disse.

Furlan e Palocci participaram, no Palácio do Planalto, de reunião de trabalho entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Tabaré Vásquez, do Uruguai. Mas Palocci não participou da cerimônia aberta, onde os dois presidentes discursaram.

Já o ministro Luiz Marinho considerou estranho o fato de as denúncias do caseiro Nildo terem aparecido justamente quando o presidente Lula subiu nas pesquisas de opinião.

¿ Acho estranho alguns acontecimentos: o governo recupera, aparece bem nas pesquisas e surge alguma coisa ¿ disse Marinho.

COLABOROU Cristiane Jungblut

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