Título: AMERICANOS NA DISPUTA POR PADRÃO DE TV DIGITAL
Autor: Mônica Tavares
Fonte: O Globo, 18/03/2006, ECONOMIA, p. 30
Embaixador dos EUA nega interrupção de negociação e critica propostas de UE e Japão
BRASÍLIA. Depois do padrão de TV digital americano (ATSC) praticamente ter sido descartado pelo governo, os Estados Unidos resolveram voltar à disputa. O embaixador David A.Gross, coordenador de Políticas de Comunicações Internacionais e Informação no Escritório de Assuntos Econômicos e Comerciais do Departamento de Estado americano, disse ontem que as propostas de europeus e japoneses de instalação de uma fábrica de semicondutores no Brasil tem muitos furos. E indiretamente, o representante americano também criticou o governo federal: ¿ A construção de unidades de ampla envergadura e porte, como por exemplo de semicondutores, é um tipo de desdobramento que segue o mercado, não é algo decorrente apenas da idealização do governo. David Gross contou ainda que já houve várias conversas concretas sobre a possibilidade da construção efetiva de uma fábrica no Brasil. Haveria interesse da empresa americana Harris Corporation e da coreana LG. Existiria a possibilidade, também, alegou, de o Brasil exportar televisores para EUA ¿ onde são vendidos 34 milhões de aparelhos por ano ¿ Canadá e México, que já adotaram o ATSC como padrão de TV digital. As negociações dos representantes do padrão americano e o governo brasileiro, segundo o embaixador, nunca foram interrompidas. Ele considera ainda que a escolha do padrão de TV digital a ser adotado no país está na reta final. O ministro das Comunicações, Hélio Costa, disse ontem no Rio que a questão técnica deverá ser levada em conta na escolha do padrão de TV digital porque o Brasil não tem um sistema a cabo ou satélite que atenda a mais de 90% da população. Costa afirmou ainda que este é o momento de o Brasil dar um grande passo no setor da microeletrônica. Costa disse que quer saber quem vai assumir o compromisso de trazer para o Brasil a tecnologia dos semicondutores e isso é uma parte da decisão pelo padrão a ser adotado no país. A contrapartida, disse o ministro, foi discutida antes do processo de apresentação dos padrões.