Título: ALERTA PARA O RISCO DE FÓRMULAS EMAGRECEDORAS `NATURAIS¿
Autor: Alessandro Soler
Fonte: O Globo, 18/03/2006, O MUNDO, p. 38

Falsos remédios contêm substâncias que podem até matar

A recente divulgação de um relatório da ONU que situa o Brasil no topo do ranking mundial de consumo de anfetaminas, com 30 toneladas por ano, levou a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) a lançar ontem, no Rio, uma campanha contra o uso dessas drogas para emagrecer. O alvo principal da campanha são os coquetéis ditos naturais que prometem rápida perda de peso. Muitos, diz a SBEM, trazem a perigosa combinação de hormônio de tireóide e inibidores de apetite (anfetaminas entre eles), que pode levar até à morte. Oito sociedades médicas, incluindo a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade (Abeso), criaram a Aliança Brasileira para a Prevenção da Obesidade e de Doenças Associadas, para orientar a população e pressionar a Agência Nacional de Vigilância Sanitária a tornar obrigatória a emissão de bulas por farmácias de manipulação. ¿ Tratamentos ditos milagrosos são preocupantes. Pior ainda quando não se sabe bem o que há nos remédios ¿ disse Marisa Coral, presidente da SBEM. ¿ Muitas vezes as fórmulas que misturam hormônio de tireóide e anfetaminas ou outros inibidores de apetite até provocam um emagrecimento rápido. Mas ele vem acompanhado de perda de massa muscular, problemas cardíacos, perda de cálcio, depressão, irritabilidade. A endocrinologista Maite Chimeno atribui a maus profissionais a emissão exagerada de receitas com anfetaminas. E recomendou aos pacientes que se informem sobre os médicos. O endocrinologista Walmir Coutinho lembrou que há alguns anos cinco alemães morreram após tomar coquetéis comprados de uma empresa brasileira pela internet. Neles havia a combinação de inibidores de apetite e hormônios de tireóide. ¿ O Instituto Adolfo Lutz analisou 74 fórmulas ditas naturais e constatou que mais da metade continha essa combinação. É preciso muito cuidado com coquetéis que aparecem na TV. Não há comprovação científica sobre sua eficácia nem dados sobre riscos.