Título: PF FARÁ CERCO AO TRÁFICO EM FAVELAS DE NITERÓI
Autor: Ludmila de Lima
Fonte: O Globo, 19/03/2006, Rio, p. 24

Ação, que terá o apoio da PM, foi motivada pela migração de bandidos do Rio durante as operações do Exército

No Rio, o combate ao tráfico ganhou ares de operação militar. Em Niterói, a guerra aos traficantes terá o reforço da Polícia Federal. O chefe da Delegacia da PF de Niterói, delegado Carlos Pereira da Silva, afirma que agentes federais farão incursões freqüentes nas favelas da cidade dominadas pelo tráfico. Segundo o delegado, a descoberta de que traficantes do Rio estariam migrando para o município durante o cerco do Exército às favelas e aos acessos à capital motivou as operações. As ações serão realizadas em conjunto com o 12º BPM (Niterói), a partir de informações do serviço reservado da PM (P-2) e do setor de inteligência da PF.

Ainda de acordo com o delegado, policiais federais de outras áreas poderão reforçar as operações contra o comércio de drogas. O tráfico teria ganhado força nas últimas semanas ¿ com mais homens e armas ¿ por causa do processo de asfixia desencadeado pelo Exército no Rio.

¿ Segundo informações que tivemos da área de inteligência, traficantes estariam migrando com armas para Niterói, em busca de abrigo. Como eles vêm com armamento pesado, como fuzis, acabam reforçando o poder do tráfico daqui ¿ afirma Pereira da Silva.

Comércio de drogas no asfalto está sendo filmado

O objetivo das operações é sufocar as chamadas ¿esticas¿ ¿ pontos de venda de drogas no asfalto, abastecidos pelos traficantes das favelas. O comércio ilegal nesses lugares vem sendo filmado por policiais federais, que também estão mapeando os redutos do tráfico nas favelas a partir de informações fornecidas pela P-2.

¿ Com o mapeamento, vamos ver onde funciona o tráfico e onde estão os paióis dos traficantes ¿ disse o delegado.

Na última terça-feira, policiais militares e federais realizaram uma operação nos morros do Estado, da Chácara e do Cavalão, com base em informações de que os locais estariam servindo de refúgio para traficantes do Rio. A PF também procurava os equipamentos roubados, no início de fevereiro, do Instituto de Arte e Comunicação Social (Iacs) da UFF, que estariam no Morro do Estado. Na ação, que durou cinco horas, houve troca de tiros.