Título: À MESA, CUSTOS TRABALHISTA E TRIBUTÁRIO
Autor: Patricia Duarte
Fonte: O Globo, 19/03/2006, Economia, p. 41

Brasil, no geral, exige mais gastos das empresas na hora de investir

BRASÍLIA. Além de mercados consumidores potenciais, localização estratégica e, agora, câmbio favorável para investimentos lá fora, as empresas brasileiras também levam em consideração os custos tributários e trabalhistas na hora de decidir expandir suas atividades no exterior. Muitas vezes, eles são menos pesados que no Brasil.

¿ Esses custos determinam, mas podem estimular o investimento ¿ diz o gerente-executivo da unidade de Política Econômica da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), Flavio Castelo Branco.

O Brasil, de modo geral, tem carga tributária semelhante a de países desenvolvidos que, no entanto, têm renda superior e melhores serviços oferecidos pelo Estado. Castelo Branco cita levantamento feito pelo Banco Mundial mostrando que os brasileiros desembolsaram o equivalente a 34,9% do PIB em tributos em 2002. É mais do que o dobro da carga do México (16,5%) e da China (15%) e bem superior à da Argentina (20,9%) e da Rússia (25,9%).

O custo trabalhista, apesar de ser difícil de mensurar devido à diferença de legislações, também é considerado. A gerente-executiva da unidade de Relações do Trabalho da CNI, Simone Saisse, destaca o indicador de ¿rigidez de regulação¿ do mercado de trabalho montado pelo Bird para exemplificar esses custos. Em escala de 0 a 100 pontos (quanto mais próximo do teto maior é a rigidez), o país aparece com 56 pontos, acima da média da América Latina e do Caribe, de 40,3. A China tem 30 pontos.

A fabricante brasileira de motores Weg montou uma de suas cinco fábricas no México ¿ cujo custo da mão-de-obra por hora era de US$2,50 em 2002. Além da proximidade com o mercado americano, pesou na decisão a mão-de-obra e a matéria-prima serem mais em conta.

¿ Vimos boas oportunidades e custos menores ¿ diz o presidente da empresa, Décio da Silva. (PD)