Título: PT VETA CRÍTICA À ECONOMIA ATÉ 2007
Autor: Flávio Freire
Fonte: O Globo, 20/03/2006, O País, p. 4

Articulação propõe que tema seja discutido só no congresso do partido

SÃO PAULO. Integrantes da Articulação na Luta, o antigo campo majoritário do PT, propuseram anteontem, no apagar das luzes da reunião do diretório nacional do partido, que as discussões sobre a política econômica fiquem para o congresso nacional do PT, marcado para o segundo semestre de 2007.

¿ Não digo o nome, mas gente da Articulação sugeriu que não é hora de um acerto de contas e que a política econômica não seja debatida no encontro nacional (em abril) e fique para o congresso ¿ disse Markus Sokol, representante na direção petista da corrente trotskista O Trabalho.

A Articulação conseguiu tirar o tema da discussão no diretório sob o argumento de que o governo e o PT estão sob ataque e o momento é de apoio ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci. A questão econômica nem sequer foi citada na resolução política do diretório.

A estratégia deu certo e temas espinhosos como a política de juros só foram abordados no final da reunião, quando o primeiro vice-presidente, Marco Aurélio Garcia, fez um resumo do trabalho realizado pela comissão que elabora as diretrizes do programa a ser escolhido no encontro nacional.

Agora, segundo Sokol, a Articulação quer evitar que o debate econômico cause marolas e atrapalhe a possibilidade de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

PT quer reforçar imagem conservadora de Alckmin

O diretório nacional do PT também conseguiu driblar outro assunto espinhoso: a política de alianças. Valter Pomar, responsável pela comissão de estratégia eleitoral, leu um resumo de seu trabalho no final da reunião, depois de Marco Aurélio.

Além disso, dirigentes petistas iniciaram ontem a discussão sobre a estratégia de combate ao candidato tucano, Geraldo Alckmin. A estratégia é tentar vincular Alckmin aos oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso e reforçar sua imagem conservadora e elitista.

¿ Embora não tenha participado do governo Fernando Henrique, Alckmin aprofundou em São Paulo, após a morte de Mário Covas, o modelo neoliberal. Ele é o candidato da elite e do empresariado paulista ¿ disse o secretário-geral do PT, Raul Pont.