Título: Candidato tucano almoça com Bornhausen e busca acordo com o PFL
Autor: Flávio Freire
Fonte: O Globo, 20/03/2006, O País, p. 4

SÃO PAULO. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), festejou ontem o crescimento de sua popularidade, entregou uma das obras mais caras de sua administração e deu ainda mais um passo rumo à composição com o PFL em torno de sua candidatura à presidência. Num almoço reservado no Palácio dos Bandeirantes, Alckmin ouviu do presidente nacional do PFL, o senador Jorge Borhaunsen, que as negociações para a aliança caminham a passos largos.

¿ Evidentemente não existe obstáculo à coligação do PFL com o PSDB sob o ponto de vista político e perante a sociedade, porque ela é auto-explicável. Os dois partidos tiveram a coerência de combater esse governo incompetente e leniente com a corrupção ¿ disse Bornhausen, na sala de despachos, logo após o encontro.

Adiantando que o PFL só deverá definir sua posição em abril, Borhaunsen argumentou, no entanto, que a direção fará uma consulta às lideranças enquanto aguarda uma decisão do prefeito do Rio, Cesar Maia, sobre sua candidatura.

¿É preciso vestir a sandália da humildade¿, diz Alckmin

Mais cedo, enquanto navegava pelo poluído Tietê durante o evento que marcou a inauguração da nova calha do rio ¿ obra que consumiu R$1 bilhão ¿ Alckmin disse estar extremamente contente com a oscilação das intenções de voto de 17% para 23%, segundo pesquisa Datafolha divulgada anteontem. Fez, porém, uma ressalva:

¿ Estou extremamente contente com o crescimento forte, mas é preciso ter humildade e pé no chão. Vestir a sandália da humildade ¿ disse o governador, tratando de afastar a especulação de que a demora para a escolha do candidato tucano comprometeria sua campanha.

No palanque flutuante, enquanto enfrentava o mau-cheiro que exalava do rio num dia de sol quente em São Paulo, Alckmin evitou o confronto direto com o presidente Lula. Sobre a possibilidade de o governo estar por trás do vazamento de informações dos extratos bancários do caseiro Francenildo dos Santos Costa, o governador foi diplomático:

¿ Não cabe a mim fazer esse tipo de especulação.

Lado a lado, mas trocando poucas palavras, Serra e Alckmin fizeram um discurso protocolar a cerca de 200 pessoas que participavam do encontro. Na sua vez, o prefeito citou o nome de Alckmin apenas uma vez. Preferiu usar o microfone para falar de suas realizações na prefeitura e fazer críticas à administração anterior.

A obra entregue ontem será uma das marcas que o governador pretende mostrar à exaustão no horário eleitoral gratuito no rádio e na TV, a partir de agosto. Iniciada em 1998, a obra promete reduzir a possibilidade de enchentes na Marginal Tietê de 50% para 1%, já que a capacidade de vazão foi praticamente dobrada.