Título: Caseiro recorre à Justiça e ao MP para saber como extrato foi violado
Autor: Alan Gripp
Fonte: O Globo, 21/03/2006, O País, p. 4

Francenildo decide franquear a senadores acesso a seus dados bancários

BRASÍLIA. Depois de revelar que estava dentro do prédio da Polícia Federal quando sua conta foi invadida, o caseiro Francenildo Santos Costa recorreu ontem à Justiça Federal e ao Ministério Público Federal para pedir que a violação seja investigada. Por meio de seu advogado, Wlício Chaveiro Nascimento, Nildo pediu às instituições que apurem como seu extrato foi obtido sem autorização judicial e como o documento foi parar em seguida na revista ¿Época¿.

À noite, o caseiro informou, através de seu advogado, que colocará o seu sigilo bancário à disposição do Senado.

¿ Ele não tem nada a esconder. O sigilo já foi totalmente exposto ¿ disse Wlício.

No Ministério Público Federal do Distrito Federal, o advogado apresentou uma notícia-crime denunciando a quebra ilegal do sigilo. Ele pede que a Caixa Econômica Federal, banco no qual Nildo tem conta, seja investigada. No documento, Wlício Chaveiro argumenta que às 20h58m21s de quinta-feira, momento em que foi tirado o extrato, Nildo estava em uma sala da Polícia Federal, sendo inscrito no programa de proteção a testemunhas, como mostrou ontem reportagem do GLOBO.

¿ Isso é a prova principal de que ele não poderia ter emitido o extrato. Naquele momento, o Nildo estava em poder da Polícia Federal ¿ disse o advogado.

Apesar da revelação, o advogado evitou levantar suspeitas sobre a Polícia Federal. E demostrou que está preocupado com a fragilidade de seu cliente.

¿ Pegar o cartão de banco pode ser um procedimento normal, não posso fazer ilações. Essa é a briga do tostão contra o milhão ¿ disse Chaveiro Nascimento.

Segundo o Ministério Público Federal, a notícia-crime deve ser encaminhada hoje a um procurador da República, que será escolhido por sorteio. Caberá a ele decidir se abrirá uma investigação conduzida pelo próprio Ministério Público ou se pedirá à PF a abertura de um inquérito criminal. Antes de tomar a decisão, o procurador poderá pedir informações aos órgãos denunciados pelo caseiro e ouvir depoimentos preliminares.

No início da noite, o advogado de Nildo deu entrada na Justiça Federal a uma medida cautelar de antecipação de provas. Na ação, ele pede uma liminar para determinar que a Caixa envie os detalhes de sua movimentação financeira, além da análise do material por um perito. Se a liminar for concedida, o juiz fixará um prazo para que a estatal envie os documentos.