Título: PLANALTO PLANEJA COMO REAGIR À OPOSIÇÃO NA CPI
Autor: Cristiane Jungblut e Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 21/03/2006, O País, p. 9

Pesquisas de opinião e economia decidirão futuro de ministro

BRASÍLIA. Apesar do desconforto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou ao ministro Jaques Wagner uma ofensiva, junto com o senador Tião Viana (PT-AC), na CPI dos Bingos, para enfrentar a oposição. Lula considera que a oposição está exagerando e disse que o governo não pode ¿ficar acovardado¿.

O presidente vive um dilema: sabe que a manutenção do ministro Antonio Palocci é um desgaste para o governo, mas pondera que não pode abandonar seu principal colaborador num momento de dificuldade. Dois fatores serão decisivos: as pesquisas de opinião e a economia. Pelo menos, até o momento, os bons números da economia são favoráveis a Palocci.

Na semana passada, o Planalto avaliava, positivamente, que a motivação do caseiro ao confirmar que viu Palocci na casa de lobby da turma de Ribeirão Preto poderia não ter sido nada nobre. Mas ontem o clima era outro com a quebra do sigilo de Nildo, feita de forma irregular e comprometendo instituições do governo.

Já existe convicção no núcleo do governo de que Palocci freqüentou festas na mansão da ¿República de Ribeirão¿. Mas o próprio presidente tem dado testemunhos de forma enfática de que duvida de qualquer envolvimento de Palocci com lobby. A confiança no ministro, contudo, já não é mais suficiente para mantê-lo no cargo, com desgastes para o governo. Um interlocutor de Lula resumiu ontem à noite: Palocci não sai porque não tem para onde ir. E o presidente é leal com os amigos.