Título: PMDB AGORA ADMITE QUE CONSULTA FOI SIMBÓLICA
Autor: Adriana Vasconcelos e Maiá Menezes
Fonte: O Globo, 21/03/2006, O País, p. 11

Presidente nacional do partido afirma que decisão sobre candidato só será tomada na convenção, em junho

BRASÍLIA E RIO. A consulta informal feita pelo PMDB aos seus convencionais, no domingo, teve apenas efeito simbólico. O partido só saberá em junho se terá ou não candidato próprio à Presidência da República. O presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), reconheceu ontem que a consulta não teve valor jurídico. O vencedor, o ex-governador Anthony Garotinho, terá de garantir o quorum na convenção nacional de junho e ter o seu nome aprovado pela maioria do partido para ser de fato candidato à Presidência.

A declaração de Temer fortalece a ala governista do PMDB, que quer reabrir a discussão da candidatura própria para derrubá-la após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a manutenção da regra da verticalização, pela qual as alianças nacionais terão que ser respeitadas pelos estados. As prévias foram suspensas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), no sábado.

¿ A definição (sobre a candidatura) só deverá acontecer em junho, já que não pudemos realizar as prévias e a consulta informal não tem qualquer valor jurídico. No máximo seu resultado poderá ser um indicativo apreciado pela convenção ¿ admitiu Temer.

Sobre a possibilidade de o partido se dividir ainda mais, Temer afirmou:

¿ Não dá para ter um racha maior do que o que já existiu.

Garotinho também diz que consulta foi informal

Vitorioso na consulta, pelo critério do peso proporcional dos estados, Garotinho também reconheceu que tudo será decidido na convenção:

¿ O final de tudo é a convenção. Mesmo que tivesse havido a prévia, a última instância é a convenção. A consulta teve um sinalizador político ¿ disse o ex-governador, que começará sua estratégia para convencer os 500 delegados do partido conversando com os pré-candidatos a governador do PMDB.

Sem esconder sua insatisfação com a fórmula usada pelo partido para calcular o resultado da consulta, o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, anunciou ontem que não pretende questionar a vitória de Garotinho e prometeu continuar apoiando a tese da candidatura própria.

Embora o governador gaúcho tenha recebido 7.580 votos, Garotinho foi consagrado vitorioso com apenas 4.807. Levando em conta o peso de cada estado no cálculo, Garotinho venceu com 56,62% dos votos contra 43,8% de Rigotto. O governador anunciou que não pretende disputar a reeleição por considerar oito anos muito tempo de mandato para um mesmo governante.