Título: TENSÃO COM DENÚNCIAS CONTRA PALOCCI FAZ DÓLAR SUBIR PELO 2º DIA CONSECUTIVO
Autor: Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 21/03/2006, Economia, p. 22

Moeda fecha a R$2,149, em alta de 1,08%. Risco-Brasil sobe 1,79%

RIO e BUENOS AIRES. A tensão entre investidores causada pelas denúncias envolvendo o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, levou o dólar a registrar ontem a segunda alta consecutiva, após seis dias de negócios em queda. A moeda avançou 1,08%, para R$2,149, encerrando os negócios na máxima do dia. Segundo operadores, um novo leilão de compra de dólares no mercado à vista pelo Banco Central (BC) ¿ em que aceitou apenas três propostas, a R$2,145 ¿, num dia em que a moeda já subia, ajudou a manter a cotação do dólar pressionada.

¿ Os mercados abriram com tendência positiva, mas a alta do dólar acabou pesando e dando o tom negativo que prevaleceu no resto do dia. Há uma preocupação com uma eventual saída de Palocci do governo, o que poderia acarretar mudanças na política econômica. Isso trouxe nervosismo ¿ avalia Marco Antônio Franklin, sócio da Plenus Gestão de Recursos.

Expectativa também com discurso do presidente do Fed

Palocci é acusado pelo caseiro Francenildo Costa, o Nildo, de freqüentar a casa em Brasília onde ex-assessores do ministro na prefeitura de Ribeirão Preto denunciados por corrupção se reuniam. Rumores sobre uma eventual saída de Palocci e a expectativa em torno do discurso do presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), Ben Bernanke, após o fechamento do mercado americano, reduziram o volume de negócios a menos da metade: US$1 bilhão no mercado à vista de câmbio.

Investidores aguardavam sinais mais claros do presidente do Fed sobre a trajetória dos juros nos Estados Unidos, que pode afetar o fluxo de aplicações em mercados emergentes. Com isso, o risco-Brasil, indicador da confiança dos investidores estrangeiros no país, subiu 1,79%, para 228 pontos centesimais. Ainda assim, o indicador continua próximo da mínima histórica de 215 pontos, registrada no dia 1º de março. O Global 40, título brasileiro mais negociado no exterior, recuou 0,24%, cotado a 131,18% do valor de face.

Argentina emitirá até US$500 milhões no mercado

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) oscilou fortemente durante o dia, influenciada pelo vencimento de contratos do mercado de opções de ações ¿ que movimentou R$730 milhões dos R$2,7 bilhões dos negócios de ontem. Após subir mais de 1%, fechou em alta de 0,41%.

A Argentina retornará amanhã aos mercados com a emissão de até US$500 milhões em papéis com vencimento em 2011 (Bonar V), confirmou ontem o Ministério da Economia do país. O governo oferecerá juros de 7% ao ano, mas, para analistas locais, os títulos deverão pagar em torno de 7,5%.

Em setembro de 2005, após três anos de ausência, a Argentina retornou aos mercados internacionais com o leilão de US$1 bilhão em bônus com vencimento em 2015. O governo foi obrigado a declarar a operação deserta pelos altos juros exigidos pelos investidores.

COLABOROU: Janaína Figueiredo, correspondente