Título: A disputa no PFL
Autor: Ilimar Franco
Fonte: O Globo, 22/03/2006, O País, p. 2

O PSDB acaba de resolver sua disputa interna pela candidatura a presidente da República e a guerra se transfere para seu aliado, o PFL. Seus principais caciques estão divididos quanto ao melhor nome para ser o vice na chapa de Geraldo Alckmin. Um grupo defende a escolha do líder no Senado, José Agripino (RN), outro quer o presidente do partido, senador Jorge Bornhausen (SC).

Os pefelistas garantem que a divergência entre eles não se transformará no barraco que foi a refrega tucana. Ela expressa a existência de duas tendências no PFL que convivem de maneira quase sempre civilizada e que costumam tratar suas diferenças com alguma discrição. A questão do vice da chapa de Alckmin põe em posições opostas seus principais líderes. O senador Antonio Carlos Magalhães (BA), aliado de primeira hora de Alckmin, e que representa um PFL mais ligado à ação do Estado e à políticas de assistência social, quer um vice do Nordeste e defende o nome de Agripino. A outra ala, que apostou na candidatura do prefeito José Serra, e que encarna um PFL mais liberal e sensível aos interesses do mercado, defende a candidatura Bornhausen.

- Um é presidente do partido e o outro líder da bancada no Senado. Seus nomes surgem naturalmente e é claro que existe aí uma questão regional, um é do Nordeste e o outro é do Sul. Mas não há divergência insuperável entre nós - diz o senador José Jorge (PE).

Para evitar que a disputa interna se transforme numa contenda pública, Bornhausen começou a conversar ontem com os senadores. A vários deles disse que não colocou seu nome na roda e, por isso, não vai retirá-lo das especulações. Mas vários pefelistas reconhecem que o nome de Bornhausen perdeu terreno na medida que os tucanos, ao escolherem Alckmin, não precisam mais de um vice que apare arestas nas elites econômicas. Os tucanos, que de acordo com as pesquisas estão bem posicionados no Sul e no Sudeste, precisariam de um vice do Nordeste, região onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lidera com vantagem as intenções de voto.

Para evitar que a questão se transforme num impasse, muitos pefelistas pretendem uma solução conciliadora. A idéia é escolher um nome do Nordeste, que transite bem nos dois grupos e com uma posição política mais próxima dos liberais. É nesse contexto que um grupo de deputados se articula em torno do vice-presidente da Câmara, José Thomaz Nonô (AL).