Título: Estrangeiros derrubam Bovespa
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Fonte: O Globo, 10/03/2006, Economia & Negócios, p. B12

Investidor externo se desfaz de ações locais para aplicar nos EUA, e a Bolsa tem 4.ª queda seguida, de 2,62%

A Bovespa teve sua quarta queda consecutiva, desta vez de 2,62%, puxada pela venda de ações por parte de estrangeiros. Nesses 4 pregões, o Ibovespa perdeu 7,46%. Já o dólar interrompeu a seqüência de 3 altas seguidas e caiu 1,14%, para R$ 2,161, no balcão, e 1,19%, para R$ 2,16, na roda da BM&F, enquanto o paralelo recuou 0,44%, para R$ 2,27. Os juros futuros projetaram queda, o risco país recuou 1,69%, para 233 pontos, e o A-Bond ganhou 0,23%, vendido com ágio de 9,40%.

A Bolsa paulista começou a cair segunda-feira, com a perspectiva de alta dos juros pagos pelos títulos do Tesouro americano. Essa estimativa ganhou força entre os analistas e o investidor estrangeiro passou a realizar lucros aqui, para aplicar em Treasuries. Segundo um operador, "os gringos estão firmes na ponta de venda". A Bovespa acumula queda de 5,95% em março e alta de 8,54% em 2006. O movimento financeiro ficou em R$ 2,125 bilhões.

Também contribuiu para o clima negativo o mau desempenho em Wall Street, onde o Índice Dow Jones caiu 0,30%, a Nasdaq 0,78% e o S&P 500, 0,49%.

Só 6 papéis do Ibovespa se valorizaram, e as maiores altas foram de Sabesp ON (1,81%), CRT Celular PNA (1,22%) e Sadia PN (0,52%).

A sinalização do Copom de que poderá acelerar o corte da taxa Selic em abril justificou um forte movimento de redução de posições "compradas" no mercado futuro de dólar. Além disso, os juros dos Treasuries recuaram. O fato de o Banco Central não ter feito leilões de swap reverso quarta-feira e ontem também favoreceu o declínio das cotações. E o BC comprou pouco em mercado, cerca de US$ 50 milhões.

O dia foi de alívio no mercado de juros, com análises positivas da decisão do Copom e do noticiário internacional. O contrato mais curto projeta um corte de 0,75 ponto porcentual na Selic, faltando mais de um mês para a próxima reunião.