Título: Caixa identifica funcionários que teriam violado a conta de caseiro
Autor: Aan Gripp
Fonte: O Globo, 24/03/2006, O País, p. 4

Banco chegou aos dois pela máquina onde foi retirado o extrato bancário

BRASÍLIA. A Caixa Econômica Federal anunciou ontem que identificou, na sede da instituição, a máquina em que foi violada a conta do caseiro Francenildo dos Santos Costa, pivô das denúncias contra o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e chegou a dois suspeitos. Segundo o banco, a auditoria interna aponta que eles usaram o terminal de onde foram acessados os dados por volta das 21h do dia 16, data e hora registradas na cópia enviada à revista "Época".

Informações da Caixa indicam que apenas um deles foi responsável pela violação. O banco informou que seu nome não foi divulgado porque os auditores ainda não tomaram seu depoimento, marcado para hoje. Esse servidor trabalha na sede da Caixa e tem cargo de gerência. A Polícia Federal já sabe os nomes dos suspeitos e deverá ouvi-los. Para chegar ao responsável, a Caixa cruzou os rastros deixados na máquina com as imagens do circuito interno de TV e o registro de saída do prédio.

Ontem, os dois foram afastados das funções. O depoimento deles será fundamental na próxima etapa da investigação: identificar quem deu a ordem e quem passou o documento à imprensa. A Caixa informou que a apuração se estenderá aos mandantes e os responsáveis devem ser punidos, embora tenham direito de defesa num processo administrativo. As sanções podem levar à demissão.

Relatório parcial da investigação interna foi entregue por um advogado da Caixa à PF. As informações pouparam o presidente do banco, Jorge Mattoso, de prestar depoimento. Mattoso, que foi intimado, cancelou uma viagem ao Japão para assinar um convênio, mas tem evitado eventos públicos.

PF tenta vistoriar máquina onde foi feita a violação

A PF pediu à Justiça mandado de busca para apreender a máquina de onde foi violado o sigilo. Segundo a subcomissão da CPI dos Bingos que se reuniu com o delegado que investiga o caso, a PF mantém uma equipe de prontidão para periciar o equipamento. O senador Romeu Tuma (PFL-SP) disse que a PF tem condições de rastrear dados que tenham sido apagados para proteger o autor do crime.

- Não adianta deletar. A polícia conhece o sistema da Caixa e tudo pode ser recuperado.

Senadores de oposição exigiram que as investigações não parem no terceiro escalão.

- A pessoa que fez a operação não sabia do que se tratava, agiu de boa-fé. Os mandantes são o limite - disse o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), que foi à PF para obter informações das investigações.

Mesmo que o caso seja resolvido, a CPI dos Bingos vai convocar os dois suspeitos identificados pela Caixa.