Título: Quebra-quebra na escolha do líder do PMDB
Autor: Maria Lima/Ilimar Franco
Fonte: O Globo, 24/03/2006, O País, p. 12

Guerra de listas leva governistas e aliados de Garotinho a trocarem socos e danificarem computador e relógio

BRASÍLIA. Folhas espalhadas pelo chão, copos quebrados, um computador e um relógio danificados, empurra-empurra, o deputado Max Rosennmann (PMDB-PR) teve uma mão cortada, a chefe de gabinete da Secretaria Geral da Mesa, Cláudia Alarcão , foi atingida no ombro direito por um safanão perdido e os deputados Hermes Parcianelo (PMDB-PR) e Nelson Bornier (PMDB-RJ) trocaram sopapos.

A baixaria ocorreu à meia-noite de quarta-feira, quando no plenário da Câmara deputados absolviam o sétimo da lista de 19 envolvidos no escândalo do valerioduto. Na Secretaria Geral da Mesa da Câmara, integrantes da ala governista do PMDB e da oposição - estes ligados ao ex-governador Anthony Garotinho - participavam de uma guerra de listas de assinaturas com o objetivo de ocupar o cargo de líder da bancada.

Na balbúrdia, a segurança da Câmara foi chamada e Parcianelo chegou a levantar uma cadeira para o alto e ameaçar jogá-la contra os oposicionistas.

- Houve troca de socos mas ninguém chegou a ser atingido - disse Bornier.

- Esse rapaz (Parcianelo) é um despreparado, mau caráter, malandro de parque. Para garantir sua lista ele quebrou o computador e o relógio para criar uma situação física, e ainda feriu todo mundo. Mais uma vez o governo utilizou todas as formas para garantir o controle da liderança com patrocínio de verbas e oferecimento de vantagens - acusou Rosennmann.

Governistas querem Santiago na liderança

A briga começou quando, às 23h59m, os governistas entregaram uma lista com 43 assinaturas para reconduzir ao cargo de líder o deputado Wilson Santiago (PB). Um minuto antes a oposição havia apresentado uma lista para manter no cargo o deputado Waldemir Moka (MS) e para retirar as assinaturas dos deputados Vicente Chelloti (DF) e Cabo Júlio (MG) da lista governista. Pelas regras da Mesa valem as assinaturas da última lista.

- Temos que parar com esse negócio de eleição por lista. Nem dá para aceitar o critério de que vale a última lista. Foi isso que gerou tensão e empurrões - disse Waldemir Moka, que foi líder por uma semana.

Ao tomar conhecimento da confusão, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), determinou a abertura de sindicância pela corregedoria da Câmara para apurar o quebra-quebra e o sumiço da lista entregue pelos governistas:

- O incidente será apurado e os responsáveis responderão por isso. O novo líder do PMDB só será conhecido depois da checagem das listas - disse.