Título: A ELOQÜÊNCIA DOS NÚMEROS
Autor: ROSINHA GAROTINHO
Fonte: O Globo, 25/03/2006, Opiniao, p. 7

Mais do que palavras e discursos, os números. Quase sempre, eles dispensam explicações. São eloqüentes em si; bastam para traduzir com clareza um momento da vida de um município, estado ou país. Se a dialética política comporta meias-verdades, permite sofismas e relativiza posições, os números não. São ao mesmo tempo frios e blindados a tentativas de distorção. Trazem em si o significado incontrastável da lógica cartesiana ¿- um eficiente antídoto a manipulações.

Os adversários se inquietam, lançam-se a críticas descabidas, esforçam-se na busca de argumentos para tentar esvanecer o brilho de nossas conquistas. Mas não há como discordar de que o Estado do Rio atravessa um virtuoso ciclo de desenvolvimento. Em 2005, nossa economia cresceu 5,06%, mais do que o dobro do PIB nacional. A despeito das restrições impostas pelo modelo econômico do país, o estado deu mostras de pujança. E o fez a partir de uma cuidadosa estratégia de desenvolvimento, que contempla incentivos e investimentos em absoluto ajuste com as vocações regionais.

Se o petróleo contribuiu para a exuberância do resultado, o fato deve ser celebrado. Afinal, por obra de Deus e descoberta dos brasileiros, o Estado do Rio detém 83% das reservas nacionais. Não há por que se envergonhar desta dádiva. Ao contrário, é razão de júbilo. O Estado do Rio cresce com sua política de desenvolvimento, da qual o petróleo, sem embargo, é parte fundamental. Excluí-lo seria o mesmo que Minas Gerais diminuir a importância do seu minério, o Paraná desdenhar da sua produção de energia ou o Rio Grande do Sul lamentar sua riqueza agrícola.

Cabe ao poder público potencializar os efeitos deste privilégio que a natureza nos concedeu, missão que estamos cumprindo de forma exemplar. Criamos o Pólo Gás-Químico em Duque de Caxias, onde já se instalaram 23 empresas, fortalecendo toda a cadeia produtiva. Reativamos a indústria naval, com uma política de incentivos que permitiu a reabertura ou revitalização de 19 estaleiros. E, acima de quaisquer veleidades, lutamos pela instalação de uma nova refinaria no estado por entender que este é um movimento estratégico para a economia fluminense.

Mas é bom que se diga que não foi apenas o petróleo. A indústria têxtil, a partir da concessão de incentivos estaduais, tem exibido expansão permanente. Cresceu quase 16%, com a multiplicação de fábricas e confecções por toda a Região Serrana. No Sul Fluminense, a indústria automobilística apresentou expansão de 15%, com a Volkswagen e a Peugeot-Citroën produzindo 140 mil veículos/ano, um recorde absoluto.

De recorde em recorde, o Estado do Rio avança de forma consistente em direção ao crescimento sustentado. De 1999 a 2005, o PIB fluminense cresceu 23,34%, contra 17,8% do nacional. Há outros indicadores a comprovar o acerto de nossas políticas públicas. Em 2005, o número de empregos formais cresceu 4,93%, gerando 121 mil postos de trabalho em nosso estado. Nosso PIB per capita bateu a casa dos R$18.557, mais do que o dobro da média brasileira.

Os resultados da economia fluminense, contudo, devem ser analisados em meio à realidade nacional. Este vistoso conjunto de êxitos tem sido obtido malgrado a atual política econômica federal, que privilegia a intermediação financeira em detrimento de setores produtivos. A rigor, se o PSDB implantou o atual modelo econômico, coube ao PT aprofundá-lo de forma abissal, com juros proibitivos e lucros bancários exorbitantes. Mas, mesmo numa conjuntura adversa, diante de fatores inibidores da atividade econômica, o Estado do Rio tem dado mostras de incomparável vigor.

Há que se considerar também a abulia do presidente Lula em relação ao Estado do Rio. Para não nos cingirmos a aspectos puramente políticos, a análise da execução orçamentária federal de 2005 é um bom exercício. Revela em números um sentimento latente entre cariocas e fluminenses: o desapreço com que o PT trata o estado que lhe deu 80% de seus votos. Dos R$13,5 bilhões que sobraram do orçamento de 2005, o governo Lula destinou ao Estado do Rio apenas R$394 milhões. No ranking federal de distribuição de investimentos, nosso estado fica em sétimo lugar, a despeito de ser a segunda unidade da federação em arrecadação de impostos federais. Revide? Desforra? Vindita? Ou simplesmente inépcia?

Não nos abatemos. Nossa resposta não guarda rancor, não transparece mágoa. A cada discriminação recobramos ânimo e oferecemos trabalho. Não tem sido em vão: em 2005, o Estado do Rio cresceu o dobro do Brasil.

ROSINHA GAROTINHO é governadora do Estado do Rio de Janeiro.