Título: `GRAÇAS A DEUS, ESCAPEI DO CHUCHU¿
Autor: Maiá Menezes
Fonte: O Globo, 25/03/2006, O País, p. 14

Governador usa chapéu de boiadeiro, come escondidinho e diz que é espontâneo

O prefeito Cesar Maia levou ontem o governador de São Paulo para um tradicional front carioca de campanha: os dois fizeram corpo-a-corpo no Centro de Tradições Nordestinas Luiz Gonzaga, em São Cristóvão. Na saída, Alckmin posou, a pedido dos fotógrafos, com um chapéu de boiadeiro, presente do presidente da cooperativa de vendedores do Centro de Tradições Luiz Gonzaga, Agamenon Almeida. O tucano lembrou o gesto do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que no primeiro dia de sua primeira campanha à Presidência, em 1994, posou montado em um jegue e com o mesmo tipo de chapéu.

¿ Dei o chapéu de boiadeiro porque ele vai ser o homem responsável pelo ajuntamento do país. O chapéu de cangaceiro representaria a guerra. E ele não é um homem de guerra ¿ disse Agamenon.

Alckmin dividiu com Cesar um prato de escondidinho (carne seca com aipim) e elogiou o povo nordestino:

¿ É um povo muito hospitaleiro¿ afirmou o governador, que gostou do cardápio:

¿ O escondidinho é um prato muito gostoso. Graças a Deus escapei do chuchu ¿ brincou.

O prefeito Cesar Maia viu o prato como uma metáfora da situação que viverá nas próximas eleições:

¿ Eu estou comendo o escondidinho porque é assim que estarei na eleição. Sem me candidatar a nada, ficarei escondido.

Em outra metáfora, Cesar comparou a escolha de Alckmin a um casamento. E o apoio inicial dado ao prefeito de São Paulo, José Serra, que disputou a indicação da candidatura com Alckmin, a um namoro:

¿ Depois que se casou ficou pensando se a namorada é melhor do que a atual esposa? É o meu caso. Agora estou casado. Se tive outras namoradas, isso passou. E vamos em frente com a família ¿ brincou.

Tímido e pouco afeito a apertos de mão durante o corpo-a-corpo no Rio, Alckmin tentou justificar o estilo:

¿ O político deve ser espontâneo.

No meio do caminho, um protesto: na saída do Engenhão, Cesar enfrentou a manifestação de estudantes da Escola Técnica de Transporte Engenheiro Silva Freitas, que reclamavam da destruição da escola para a construção de um estacionamento para o PAN.