Título: CHINA QUER RECONHECIMENTO DO PAÍS
Autor: Gilberto Scofield Jr.
Fonte: O Globo, 25/03/2006, Economia, p. 38

Porta-voz chinês diz que espera formalização sobre status de livre mercado

BRASÍLIA. Enquanto o vice-presidente da República, José Alencar, estava na China negociando o cumprimento da promessa chinesa de abrir mercado a produtos brasileiros, o porta-voz do governo daquele país, Qian Xiaoqian, disse ontem, em Brasília, esperar que o Brasil acelere a formalização do reconhecimento da China como economia de livre mercado. Para Xiaoqian, problemas comerciais são naturais quando os dois parceiros aumentam o intercâmbio de bens e serviços:

¿ Os dois governos estão conversando bastante e os problemas serão resolvidos.

Xiaoqian destacou que o fluxo de comércio (soma de exportações e importações) bilateral deve crescer ainda mais, passando de US$15 bilhões em 2005 para US$20 bilhões em 2007. É um valor um tanto tímido, em sua opinião, mas existe uma expectativa de crescimento que, a seu ver, não deve ser ignorada.

¿ O Brasil tem acumulado vários saldos positivos no comércio com a China. Existe uma grande vontade de estreitarmos cada vez mais nossos negócios ¿ afirmou.

Essa tranqüilidade do porta-voz ¿ que esteve no Brasil esta semana para conhecer de perto como a mídia brasileira trata os temas relacionados à China ¿ não é percebida entre autoridades e empresários brasileiros. Em 2004, quando o presidente Lula assumiu o compromisso político de reconhecer a China como economia de mercado, seu colega chinês, Hu Jintao, ofereceu, em troca, a abertura para as exportações de diversos produtos, entre os quais carne bovina e frango, e investimentos em infra-estrutura. Isso ainda não aconteceu.

O porta-voz chinês, no entanto, garantiu que seu país mantém a disposição de apoiar o ingresso do Brasil no Conselho de Segurança das Nações Unidas:

¿ A China apóia ativamente o Brasil, como maior país da América Latina, em sua pretensão quanto ao Conselho de Segurança da ONU.