Título: JOSÉ ALENCAR SUGERE À CHINA QUE COMPRE TÍTULOS EMITIDOS PELO BRASIL
Autor: Gilberto Scofield Jr.
Fonte: O Globo, 25/03/2006, Economia, p. 38

Mercado aposta que reserva chinesa em moeda estrangeira passará japonesa

PEQUIM. O vice-presidente José Alencar sugeriu ontem ao governo da China que aproveite os sólidos fundamentos da economia brasileira para comprar títulos do Brasil, diversificando suas reservas em moeda estrangeira. Analistas do mercado financeiro asiático apostam que o governo chinês deverá anunciar, no próximo mês, que ultrapassou o Japão como o país com a maior reserva em moeda estrangeira do mundo.

Em janeiro, o Banco Popular da China ¿ o banco central do país ¿ informou que as reservas chinesas fecharam 2005 em US$819 bilhões, enquanto as reservas do Japão eram de cerca de US$830 bilhões, segundo estimativas do mercado. Há quem aposte que, até o fim deste ano, as reservas chinesas vão encostar em US$1 trilhão.

¿ Vamos promover o diálogo entre as autoridades financeiras dos dois países, a troca de informações macroeconômicas, a coordenação de posições comuns na reforma de instituições financeiras multilaterais e, quem sabe, mesmo a aquisição, pela China, de títulos soberanos brasileiros ¿ disse Alencar.

O convite do vice-presidente foi feito durante a inauguração, ontem, da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível, uma espécie de fórum permanente de discussões com o qual se quer acelerar a agenda de acordos comerciais e de investimentos entre Brasil e China. Esperava-se que estes acordos decolassem a partir da visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, em 2004, mas a maioria continua apenas no papel.

Países trocarão informação em agricultura e política

Foram criadas subcomissões que trabalharão de forma permanente na troca de informações e estímulos de negócios nos setores agrícola, de ciência e tecnologia, cultural, comercial, político, espacial e econômico.

Ainda não foi desta vez que a China anunciou o esperado início das importações de carnes bovina e de frango do Brasil. Por enquanto, as boas notícias são para o setor de soja, já que o governo chinês aprovou a certificação do produto transgênico brasileiro, para fins de importação, pelo período máximo de cinco anos. Até então, esta certificação era anual. A decisão acelera e torna mais previsíveis as exportações de soja brasileira para a China.

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