Título: CHIRAC CONDENA VIOLÊNCIA NAS MANIFESTAÇÕES
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Fonte: O Globo, 25/03/2006, O Mundo, p. 44

Presidente se diz chocado com francês que falou inglês na UE

PARIS. O presidente Jacques Chirac disse ontem que o primeiro-ministro Dominique de Villepin está aberto a tomar conhecimento das preocupações dos manifestantes, mas condenou duramente a violência dos jovens nos protestos de quinta-feira contra o Contrato de Primeiro Emprego (CPE). Chirac vinha pressionando o premier a retomar o diálogo com os sindicatos.

¿ Espero que se possa abrir um diálogo que responda às inquietudes e permita soluções de acordo com o objetivo fundamental de conseguir um sistema adaptado aos jovens com maiores dificuldades ¿ disse o presidente.

Chirac acrescentou, porém, que o governo ¿perseguirá e castigará severamente os vândalos¿ que provocaram a violência e que ¿nada têm a ver com os manifestantes¿. Segundo o presidente, o governo não pode se curvar às pressões vindas das ruas.

Quinta-feira, em Paris, carros foram incendiados, lojas e escritórios foram saqueados e assaltantes infiltrados entre os manifestantes fizeram um arrastão. Segundo a polícia, 420 pessoas foram presas em várias cidades e 90 ficaram feridas nas manifestações que levaram centenas de milhares de jovens às ruas.

Ontem, jovens fizeram um quebra-quebra num centro de pesquisas em Paris depois de ocupá-lo por três dias, como parte do protesto.

Sob críticas de que a polícia demorou a reagir à violência de quinta-feira, o ministro do Interior, Nicolas Sarkozy ordenou à polícia que intervenha prontamente para conter a violência.

Explosão em escola mata professor e fere 11

Chirac explicou ontem que na véspera se retirou por um breve período de uma reunião da União Européia (UE) em Bruxelas por ter ficado ¿profundamente chocado¿ com o fato de um francês fazer um pronunciamento em inglês. O francês era o lobista Ernest-Antoine Seilliere.

¿ Não é apenas no interesse nacional, é no interesse da cultura e do diálogo de culturas. Não se pode construir o mundo do futuro sobre apenas uma língua e, por conseguinte, uma cultura ¿ afirmou Chirac.

Uma violenta explosão numa escola de química da Universidade Haute-Alsace, matou ontem um professor e feriu gravemente outras 11 pessoas, uma delas com gravidade, na cidade francesa de Mulhouse, perto das fronteiras com a Suíça e a Alemanha. Autoridades temiam que houvesse mais mortos, já que cerca de 20 pessoas estavam desaparecidas.

Cerca de 150 pessoas foram retiradas do prédio depois da explosão, ocorrida no primeiro andar do edifício e cujas causas estavam sendo investigadas.

O sindicato estudantil Unef informou que o prédio não estava sendo ocupado por estudantes que têm protestado contra o CPE.