Título: TUCANOS DEFENDEM RETOMADA DA ALCA
Autor: Henrique Gomes Batista e Regian Alvarez
Fonte: O Globo, 26/03/2006, O País, p. 12

PT considera política externa vitoriosa

BRASÍLIA. Na política externa, ficam bem nítidas as diferenças de propostas do PT e do PSDB para o próximo governo. Se vencer a eleição em outubro, o tucano Geraldo Alckmin deve alterar substancialmente o modelo de relações comerciais adotado pelo governo Lula com os parceiros externos, retomando as negociações para a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e reforçando o relacionamento com os grandes blocos econômicos como Estados Unidos e União Européia. O modelo de valorização do chamado eixo Sul-Sul, que prioriza as relações com os países em desenvolvimento e a integração regional, estaria com os dias contados.

No governo Lula, as negociações para a criação da Alca não evoluíram e a conseqüência imediata foi a proliferação de acordos bilaterais entre países latinos e os Estados Unidos. A negociação do Mercosul com os americanos e com os europeus também não avançaram ¿ embora a União Européia seja um parceiro estratégico para o governo Lula.

O Brasil tem deixado cada vez mais clara a opção preferencial pelos parceiros do Hemisfério Sul, o que tem afastado a possibilidade de estreitar relações com os grandes blocos econômicos. Isso porque os grandes blocos acabam em lados opostos no campo de batalha da Organização Mundial de Comércio (OMC), no qual o Brasil se armou para a luta ao lado de China e Índia no G-20.

A política de comércio exterior de um futuro governo tucano dará ênfase aos acordos bilaterais. Para José Carlos de Souza Meirelles, secretário de Ciência e Tecnologia e Desenvolvimento do governo paulista e coordenador informal da campanha de Alckmin, com a política atual o Brasil está perdendo espaço junto a parceiros latino-americanos e mercados como o dos Estados Unidos:

¿ Cada vez que um de nossos vizinhos faz um acordo bilateral com os Estados Unidos perdemos duas vezes. Perdemos o mercado interno desse país vizinho, que conquista nosso espaço no mercado americano.

Meirelles também defende um redirecionamento da pauta de exportações, com ênfase maior para os produtos manufaturados. Embora reconheça que o agronegócio tem impulsionado as exportações brasileiras, defende que o país incentive as vendas de produtos manufaturados, que têm maior valor agregado.

No PT, a tendência é a manutenção da atual política de comércio exterior, considerada vitoriosa, já que as exportações e a balança comercial acumulam recordes sucessivos ao longo do governo.