Título: CONVOCADO PARA EXPLICAR
Autor: Mariza Louven, Ramona Ordoñez e Regina Alvarez
Fonte: O Globo, 26/03/2006, Economia, p. 40

Oposição teme uso político e quer ouvir Duda

BRASÍLIA. Especialistas do setor e a oposição temem que o governo faça uso político da auto-suficiência em petróleo no ano eleitoral. A luz amarela está acesa. Em seus discursos, o presidente Lula capitaliza a conquista citando o avanço. A oposição contesta a campanha publicitária que deslanchará em abril: após interpelar a Petrobras no Tribunal de Contas da União, convocará o marqueteiro Duda Mendonça para dar explicações nesta quarta-feira na Comissão de Educação e Infra-estrutura do Senado.

¿ Queremos que ele diga o que vai fazer. Se for uma campanha correta, é positivo divulgar. Mas não admitiremos uso político dessa vitória em favor de Lula ¿ adverte o senador José Jorge (PFL-PE).

Lula tem se mantido informado sobre a campanha por meio da Petrobras e da Secretaria de Comunicação de Governo. A líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), diz que não há intenção do governo de ficar com todos os méritos, mas ressalva:

¿ Esta é uma conquista da nação. Mas não há como negar que houve valorização, neste governo, do papel da Petrobras. Será difícil não se vincular a conquista com o governo Lula.

Se depender dos tucanos, os brasileiros terão a memória refrescada sobre os avanços no governo Fernando Henrique para que o Brasil chegasse à auto-suficiência.

¿ Os custos para exploração praticamente duplicaram nos últimos quatro anos e os investimentos da Petrobras nos três primeiros anos de Lula foram de só 5% sob o faturamento da empresa e no governo FH chegaram a 12% ¿ diz o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE).

¿ É propaganda enganosa se o governo se apropriar da conquista ¿ diz o líder do PFL Agripino Maia (RN).

Para Giussepe Bacoccoli, da Coppe/UFRJ, a auto-suficiência resulta da persistência de técnicos que criaram a tecnologia para atingir a meta. Luis Pinguelli Rosa, ex-presidente da Eletrobrás, diz que é uma vitória da Petrobras acumulada em décadas, mas falta ao país um plano estratégico de petróleo e gás. (Adriana Vasconcelos, Cristiane Jungblut e Regina Alvarez)