Título: O caminho do emprego na Europa
Autor: Renato Galeno
Fonte: O Globo, 26/03/2006, O Mundo, p. 41

Protestos que sacodem a França ressaltam tema das leis trabalhistas no continente

Aviolência em Paris é mais um capítulo na queda-de-braço entre interesses que se chocam sempre que reformas trabalhistas estão em pauta desde os anos 80. Os choques com a polícia não são exclusividade francesa, e países como Itália e Alemanha resistem à flexibilização do trabalho, como até os ingleses fizeram nos anos 90.

À desregulamentação do modelo anglo-americano, seguida por países como Índia, a Europa continental prefere a flexibilização com proteção social.

A discussão ocorre basicamente entre defensores de duas correntes. A primeira defende que apenas um crescimento contínuo possibilita a geração de empregos, e assim as regras trabalhistas não precisam ser alteradas, pois isto não resolveria o problema. A segunda defende a flexibilização das regras, pois seria preciso defender o emprego, não o trabalhador. Não se deve apostar no emprego vitalício, mas em seguro-desemprego e requalificação profissional para que os trabalhadores se reinserissem no mercado.

Países como França e Alemanha resistem mais a reformas, enquanto Holanda e Espanha são exemplos de Estados que, após negociações entre as partes interessadas, a flexibilização não enfrentou tanta resistência.

¿ É preciso levar em consideração três aspectos. O peso da cada um dos atores (governo, sindicatos, patrões), as características nacionais e a negociação ¿ diz o professor da Unicamp Jorge Ruben Tapia.